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Fuckup Nights

Decorreu na quarta-feira passada, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa, o evento Fuckup Nights, organizado pela Sofia Ferreira Simões, da Smart Launch e Miguel Muñoz Duarte, da iMatch.
  • Stringer/Reuters
23 Setembro 2016, 17h11

No âmbito do tema “Nem o sucesso é definitivo nem o fracasso é fatal”, a Fuckup Nights pôde contar com a presença do Reitor da Universidade de Lisboa, António Manuel da Cruz Serra, que deu início ao evento com um pequeno discurso, e com os oradores Filipa Laranjeira, especialista na área dos Recursos Humanos da Uniplaces, Filipe Carvalho, da Wide Scope, André Almeida, Startup Grind e Miha Matlievski, Fail Coach.

Filipa Laranjeira, atualmente especialista na área dos Recursos Humanos, já trabalhou em oito empresas diferentes. Sem entrar em detalhes, Filipa voltou para Portugal após oito anos fora. Com poucos conhecidos e nenhum contato de trabalho, começou a enviar emails, acabando por conseguir emprego na Beta-I. Iniciou um projeto com diversos parceiros estrangeiros que não sabiam comunicar entre si. De início não prestou atenção a essa falta de comunicação, até ter ido à “Failing Foward Conference”, uma conferência sobre falhanços, ao estilo da Fuckup Nights. Filipa Larangeira partilhou uma história dessa conferência, de onde se conclui que muitas vezes o problema dos entrepreneurs está em não se preocuparem com o que os rodeia e as suas necessidades, achando que o que eles querem prevalece. Por outro lado, “falhar é uma oportunidade incrível”, segundo Filipa Larangeira, pois como se costuma dizer “aprende-se com os erros”. Não existe a opção “tentar”. “Tentar é uma desculpa para não se fazer algo que não se quer fazer”; “Ou faço, ou não faço”, disse a oradora em palco.

Filipe Carvalho terminou os estudos em Gestão e lançou-se no mundo empresarial criando a Wide Scope, em 2003. O caso por si partilhado explica como um negócio, apesar do início tenebroso, pode ascender e ganhar rumo ao sucesso.
Quando iniciou a Wide Scope, Filipe Carvalho não tinha quaisquer recursos ou experiência, mas tinha algo que considerava importante: um potencial cliente. Começou a desenvolver um projeto em volta do agrado do cliente. Após um ano intenso de trabalho, na semana em que iriam assinar contrato, o potencial cliente foi despedido do local onde trabalhava. O acordo ficou sem efeito e Filipe perdeu bastante dinheiro. Inúmeras oportunidades de desistir surgiram ao longo do ano, mas Filipe nunca acreditou que alguma vez seria o momento de desistir. “Não acabou, até ter acabado”, refere Filipe Carvalho, como sendo uma das lições que aprendeu deste falhanço. É preciso mais que a “palavra dita” para que um negócio entre duas pessoas vá em frente. Anos depois deste grande falhanço, foi-lhe feito um desafio por outro potencial cliente. Calejado do que lhe acontecera antes, aceitou a medo, mas tomou decisões diferentes. Prevaleceu e hoje em dia, Filipe Carvalho possui, segundo o estudo publicado da InformaDB, uma das dez empresas com maior crescimento em Portugal.

André Almeida é o fundador da Business Portugal, uma empresa que ajuda empreendedores estrangeiros a iniciarem-se no mundo empresarial português, e o responsável pelo evento Startup Grind em Lisboa. Em 2015, enquanto terminava a pós-graduação em Gestão Estratégica em Projetos, teve a sua primeira experiência de startup: a mShop, uma mobile app. Os problemas logo surgiram. André Almeida não tinha recursos monetários ou experiência e a mShop era um projeto a part-time. Mas para provar que conseguia, criou um protótipo e teve potenciais interessados. Ao fim de 14 meses, os potenciais interessados desistiram e André Almeida, que tinha investido o seu tempo e arranjado investidores e parceiros para o projeto, viu-se sem nada. Tempos depois criou o jogo para telemóvel Falcão Prateado e a Startup Grind, demonstrando que, apesar das dificuldades, desistir não é opção.

Miha Matlievski, aos 18 anos, desistiu dos estudos e foi trabalhar na empresa do pai, que acabou por falecer uns anos depois, obrigando-o a assumir o cargo. Tinha experiência, apenas, em vendas e networking. Um ano depois começou a abrir falência, mas com a ajuda de investidores, Miha conseguiu salvar a empresa, conduziu-a a um crescimento anual de 100% durante quatro anos, lançando-se em mais 3 novos projetos. Tornou-se pretensioso e deixou que o poder lhe subisse à cabeça. Miha pensou que se sabia vender, então seria capaz de tudo, embarcando num projeto de construção de um edifício com 50 apartamentos. Tudo isto aconteceu em 2008, quando a crise apareceu. Juntou as quatros empresas para obter crédito, investiu no projeto e em duas semanas, Miha, perdeu milhões de euros, levando as quatro empresas à falência. Completamente no fundo do poço, o fail coach ponderou suícidio, mas com garra e o apoio da mãe, conseguiu dar a volta, recompondo-se ao longo de quatro anos. Para Miha, a lição mais valiosa que aprendeu é que “o falhanço e o sucesso são dois lados da mesma história. Não se pode ter um, sem ter o outro”.

A Fuckup Nights terminou com os agradecimentos da equipa da Smart Launch, que, também, anunciou o seu próximo evento.

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