O fundador e presidente da Farfetch apresentou, esta quinta-feira, a Fundação José Neves que terá como principal objetivo reforçar a aposta na educação e do desenvolvimento pessoal em Portugal.
No evento que decorreu no Hotel Myriad, em Lisboa, e que contou com a presença do presidente da fundação e ex-secretário de Estado de Empreendedorismo, fundador da MobiComp (vendida à Microsoft em 2008) e Carlos Oliveira e o investidor em capital de risco António Murta, o empresário português conta que a motivação para a criação desta fundação prende-se com o a missão de “ajudar Portugal a tornar-se uma sociedade de conhecimento e com isso elevar o nível de desenvolvimento económico”.
Para o arranque desta iniciativa, o fundador do primeiro unicórnio português comprometeu-se em doar dois terços “de tudo o que tenho durante a minha vida” para transformar a sociedade portuguesa.
A fundação vai assentar-se em quatro pilares: promover o acesso à aprendizagem, potenciar as competências do futuro, projetar a educação do futuro e o desenvolvimento pessoal e consistir em dois programas: o ISA FJN — Income Share Agreement, que vai ajudar os portugueses a ter acesso à educação e a desenvolver competências para o futuro. A fundação compromete-se a pagar pela formação dos estudantes, “independente da capacidade financeira destas pessoas”. “Estudas primeiro, pagas quando começares a trabalhar” é o mote da iniciativa, ou seja, o inscrito apenas terá que devolver o montante do curso, mestrado, MBA ou bootcamp quando tiver um emprego na área ou rendimentos. Caso fique desempregado, o estudante não terá que devolver essa bolsa.
Para este primeiro projeto, a fundação de José Neves vai investir cinco milhões de euros em “bolsas reembolsáveis” que vão apoiar os primeiro 1.500 estudantes a ter acesso a formações em mais de 100 cursos de 22 instituições de educação em Portugal. “Existem muitas pessoas a desistir de uma formação profissional por não ter capacidade para pagar e nós quisemos agir nesse sentido”, salientou Carlos Oliveira.
“Esse valor [da bolsa] vai depender do curso e das potenciais saídas. Não há um valor mínimo nem máximo” explica. “O contrato [de reembolso] pode ter a duração de até 12 anos”, acrescentou, salientando que o pagamento deste reembolso é “um bom sinal” dado que isso significa que a iniciativa atingiu o seu objetivo inicial.
Já o Brighter Future é uma plataforma que vai ajudar os portugueses a tomarem as “melhores decisões para o seu futuro, com base em factos”. Para este portal, a fundação fez uma parceria com a Universidade de Aveiro, Universidade de Minho e o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Falamos de 200 gráficos de analises diferentes e 400 indicadores sobre emprego, educação e competências”, referiu o presidente. Para além disso, a plataforma terá disponível mais de 200 milhões de registos de 2.500 ficheiros de fontes de dados diferentes.
“O conhecimento humano é o caminho para o desenvolvimento humano e para todas as suas componentes”, referiu, salientando a importância em desenvolver o conhecimento humano, moral e ético. Sem esses fatores desenvolvidos, a sociedade entra em “desequilíbrio”. “Isto é uma fundação de ação. Queremos garantir que ninguém fica para trás”, vincou.
Já o investidor de risco, na sua breve intervenção, referiu que a importância em aposta na educação prende-se com a necessidade de fomentar o desenvolvimento contínuo. “A palavra educação é demasiado conotada com juventude. Nós gostávamos que não fosse assim”, referiu António Murta. “Somos defensores da empregabilidade”.
“Desenvolvemos algo que não existe em Portugal nem na Europa”, anunciou José Neves. “Vamos criar impacto a curto e médio prazo. Esse cuidado na aplicação dos recursos da fundação em coisas práticas e benéficas para os portugueses é importante para nós. Este é o inicio e uma grande jornada. O sonho é grande e este é apenas o primeiro passo”, referiu o dono da Farfetch.
Este evento serviu para divulgar o programa do evento de lançamento da fundação que irá decorrer no Porto, a 22 de setembro e que contará com a presença do banqueiro António Horta Osório, do músico Will.i.am, de Naomi Campbell (modelo, empreendedora e fundadora da organização Fashion For Relief), de Niklas Zennström (fundador do Skype e da capital de risco Atomico) e de Jean-Philippe Courtois (vice-presidente executivo e presidente para a área de Global Sales, Marketing and Operations da Microsoft).
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