Fundo Mutares que está na corrida à Efacec avança para a compra da Jayme da Costa

O fundo alemão Mutares, que fez uma oferta vinculativa por 71,73% da Efacec, está a comprar uma empresa industrial portuguesa complementar à atividade da empresa que está em fase de reprivatização. A empresa alvo de uma oferta por parte da holding industrial alemã cotada na bolsa europeia é a Jayme da Costa, empresa especialista no setor das energias renováveis, em particular nos projetos de EPC (engenharia, procurement e construção) de energia solar.

A Jayme da Costa – Energia e Sistemas que tem as instalações fabris no concelho de Vila Nova Gaia, foi alvo de uma oferta de compra por parte do Grupo Mutares. A oferta da Mutares foi dirigida à sociedade gestora portuguesa CoRe Capital, a qual detém 50% da Jayme da Costa – os outros 50% da empresa pertencem à Visabeira, a qual, em consórcio com a Sodecia, também concorre à compra da Efacec.

Esta aquisição, cujo valor não foi possível saber, está ainda dependente das habituais avaliações financeiras e legais. O sector costuma transacionar entre 5x o EBITDA e 10x o EBITDA.

A compra de 100% da Jayme da Costa reforça a candidatura da Mutares à compra da Efacec, uma vez que esta sociedade gestora é uma das concorrentes ao leilão lançado no final de 2022 pela Parpública.

O Jornal Económico sabe que a proposta do Fundo Mutares é para 100% da Efacec Power Solution.

Com a compra da Jayme da Costa a alemã Mutares passar a ter um braço nacional nos setores da energia e da engenharia industrial. O grupo sediado em Munique comprova assim o seu empenho em começar a produzir em Portugal e em ter engenharia e know-how português na sua atuação no mercado nacional.

Contactado o grupo Mutares não comenta o negócio, mas reconhece que considera que o mercado de engenharia nacional tem uma vantagem competitiva face a outras geografias e pretende, desta forma, aumentar a sua presença em Portugal e manter-se no país.

Por sua vez Martim Avillez Figueiredo, da sociedade CoRe Capital que tem 50% da Jayme da Costa (sendo os outros 50% da Visabeira que os adquiriu em 2020) disse que não comenta operações em curso ou negócios potenciais.

A oferta que a Mutares apresentou à CoRe Capital é de compra da totalidade do capital da Jayme da Costa.

Adquirida em 2019 anos na totalidade pela CoRe Capital à família fundadora, que não conseguia responder a dificuldades de tesouraria, a Jayme da Costa recuperou a sua posição no mercado como o principal especialista no setor das energias renováveis, em particular nos projetos de EPC (engenharia, procurement e construção) de energia solar, uma das apostas europeias e nacionais para assegurar a independência energética.

Neste período de tempo, a CoRe Capital e a equipa de gestão contratada para a empresa asseguraram projetos para 2023 que multiplicam por dez o valor dos projetos do ano de aquisição.

O grupo Mutares, criado em 2008, já concretizou mais de 75 aquisições em companhias com sede na Europa, tendo um portfolio com mais de 32 empresas com receitas anuais consolidadas que excedem os quatro mil milhões de euros, sendo grande parte delas empresas de dimensão no setor da energia, em 2022 comprou em Espanha a Siemens Energy Engines (antiga Guascor), líder mundial de motores a gás e a diesel.