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Fundo soberano da Noruega contesta salário de 56 mil milhões de dólares de Elon Musk

A Tesla pretende pagar 56 mil milhões de dólares (a dez anos) ao seu CEO e acionista Elon Musk. O sóbrio e conservador fundo norueguês disse este sábado que votará contra. Assembleia geral é esta semana.
1 – Elon Musk (277 mil milhões de dólares)
8 Junho 2024, 14h51

O fundo soberano norueguês anunciou este sábado que votará contra o pacote salarial que a Tesla pretende entregar ao seu CEO, Elon Musk, que deve ser votado pelos acionistas na próxima semana. O pacote compreende um salário de… 56 mil milhões de dólares (a dez anos) – uma ordem de grandeza que espantou vários acionistas e levou mesmo um juiz de Delaware a invalidá-lo no início deste ano.

O fundo é o oitavo maior acionista da Tesla e não é novidade que está contra o salário de Musk – o maior alguma vez auferido por um presidente-executivo de uma empresa norte-americana – já que foi aprovado em 2018, desencadeando a reserva de alguns acionistas. O juiz disse na altura em que decidiu suspender o pagamento que o valor é injusto para os acionistas, chamando-o de “soma insondável”.

Citado pela agência Reuters, o fundo disse apreciar “o valor significativo gerado sob a liderança do Sr. Musk desde a data da concessão em 2018”, mas, ainda assim, “continuamos preocupados com o tamanho total do prémio”. O Norges Bank Investment Management (NBIM), operador do fundo já havia votado contra em 2018. “Continuaremos a procurar um diálogo construtivo com a Tesla sobre este e outros tópicos”, acrescentou o NBIM – que detém uma participação de 0,98% avaliada em 7,7 mil milhões de dólares.

No ano passado, o fundo votou intransigentemente contra mais da metade dos pacotes de pagamento aos CEO dos Estados Unidos acima dos 20 milhões de dólares, alertando que não alinhavam com a criação de valor de longo prazo para os acionistas.

O fundo disse que votaria a favor de uma proposta de acionistas pedindo que a Tesla adotasse uma política de liberdade de associação e negociação coletiva – uma vitória para os sindicatos que tentam afirmar sua influência na Tesla, onde os problemas laborais surgem a todo o instante. O fundo norueguês tenta pautar os seus investimentos – para além da lógica do negócio – por parâmetros de responsabilidade social e mesmo, por vezes, política.

O fundo também apoiou em 2022 uma proposta de acionistas que pedia à Tesla que adotasse uma política de respeito pelos direitos do trabalho, como a liberdade de associação e negociação coletiva.

A votação ocorre um momento em que a Tesla continua a enfrentar uma ação sindical na Suécia, onde os trabalhadores do grupo estão em greve desde 27 de outubro, naquela que é uma das disputas sindicais mais longas do país. A fabricante de veículos elétricos enfrenta uma reação sindical na região nórdica pela sua recusa em aceitar as reivindicações dos trabalhadores suecos.

Os acionistas da Tesla votarão sobre o salário de Musk, bem como sobre a reeleição de alguns diretores, incluindo o irmão de Musk, Kimbal – que o fundo norueguês já disse que votaria favoravelmente. A assembleia de acionistas decorre a 13 de junho.

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