A intenção foi anunciada em julho de 2022 quando os acionistas do grupo estatal CV Telecom votaram a favor da fusão das três operadoras de telecomunicações responsáveis pelos serviços móvel, fixo, internet e televisão por cabo. Desta forma as empresas CV Móvel, CV Multimedia e CVT vão passar a integrar uma só empresa.
A fusão das empresas, segundo o presidente do conselho de administração (PCA) da CV Telecom, numa nota de imprensa enviada em dezembro, “permitirá a convergência tecnológica das infraestruturas, dos sistemas de informação e das ofertas no mercado”. João Domingos Correia afirmava ainda que “o processo resultará em ganhos adicionais tais como a redução do time-to-market e a melhoria da competitividade da empresa e do setor”.
Esperava-se que a fusão das empresas ficasse concluída até ao final do ano, entrando em vigor a 1 de janeiro de 2023, porém a CV Telecom adiou esta data e por agora não se sabe para quando. Também ainda está no “segredo dos deuses” o nome e imagem que irá adotar a nova empresa mas é certo que a fusão não vai implicar despedimentos, mas sim uma reorganização interna dos cerca de 400 trabalhadores. Através deste processo, a CV Telecom passa a comercializar de forma integrada todos os seus serviços de telecomunicações de voz, dados e televisão.
O grupo CV Telecom conta com participações avaliadas em 9,6 milhões de euros em várias empresas, nomeadamente na CV Móvel e na CV Multimedia ambas a 100%, e na Directel Cabo Verde, Páginas Amarelas a 40%.
A maioria do capital social do grupo CV Telecom é detido pelo Instituto Nacional de Previdência Social em 57,9%, contando ainda com 20% pela empresa Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), 5% da Sonangol Cabo Verde e 3,4% pertencem ao Estado de Cabo Verde.
Os restantes 13,7% são detidos por acionistas privados nacionais.
Segundo o último relatório de contas, os lucros da Cabo Verde Telecom aumentaram 36,5% em 2021, para 2,6 milhões de euros e pelo terceiro ano consecutivo as vendas voltaram a crescer. Estima-se que 2022 também tenha sido um ano de crescimento positivo. De resto, a empresa tem apresentado lucros significativos e crescentes desde 2019.
Um cenário que pode eventualmente vir a sofrer algumas alterações, tendo em conta o novo contrato de concessão de comunicações assinado o ano passado entre o Governo de Cabo Verde e a CV Telecom.
O documento, que estipula uma concessão de 20 anos, determina que a concessionária terá de estabelecer uma divisão funcional das atividades grossistas e do retalho para os operadores, tanto para a distribuição inter-ilhas como para o serviço internacional e disponibilizar a todos os operadores o acesso a produtos e serviços nos mesmos termos e condições em que os disponibiliza às suas divisões internas.
Segundo o novo contrato, a CV Telecom está também obrigada a promover a partilha do acesso às centrais de cabos submarinos de telecomunicações.
Desta forma o Governo cria as bases para a liberalização das infraestruturas de telecomunicações democratizando o ambiente de concorrência.
Ainda assim o grupo CV Telecom detém uma confortável liderança em todos os segmentos de telecomunicações. 69% nas comunicações móveis através da CV Móvel, a mesma empresa líder no acesso à Internet com 62,8% da quota de mercado o mesmo segmento em que a CV Multimedia, também do grupo CVT, se posiciona em terceiro lugar com 5,8% do mercado.
Já na TV por assinatura a CV Multimedia lidera destacada com 70% da quota de mercado.
Segundo o último relatório de contas ainda referente a 2021 o grupo registou níveis de crescimento à volta de 20% na Internet fixa e acabou o ano com cerca de 24 mil clientes, um aumento de 46% nos últimos dois anos.
Em termos de investimentos 2022 ficou marcado pela instalação e ligação do cabo submarino de fibra óptica EllaLink, que liga a Europa à América Latina e que passa por Cabo Verde. Um projeto que representou para a CV Telecom um investimento de 30 milhões de dólares parcialmente financiados pelo Banco Europeu de Investimentos.
“Trata-se do mais ambicioso investimento na área da conectividade jamais realizado em Cabo Verde que vai revolucionar, por completo, as comunicações eletrónicas e contribuir para a melhoria do ecossistema digital no país”, afirma João Domingos Correia.
Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com