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Fusões e aquisições em Portugal movimentam oito mil milhões até agosto

O valor significa uma queda de 24% em relação aos mesmos oito meses de 2023. O número de negócios também caiu mais de 20%, segundo os dados da TTR avançados ao Jor nal Económico. Cenário no ‘private equity’ melhorará até ao fim do ano, acreditam sociedades gestoras.
9 Setembro 2024, 09h30

O ano de 2024 continua fraco para os negócios de fusões e aquisições em Portugal. O mercado transacional português manteve-se no encarnado no mês passado e, no acumulado de janeiro a agosto, houve 335 operações de M&A (Mergers & Acquisitions) a envolver empresas nacionais, que totalizaram 7,99 mil milhões de euros, avançou a TTR Data ao Jornal Económico (JE).

Nos primeiros oito meses de 2024, o mercado de M&A nacional registou uma queda de 24% no número de transações, comparativamente ao mesmo período de 2023, e uma diminuição homóloga de 26% no capital mobilizado. Ainda assim, menos de metade dos negócios (39%) publicaram os valores associados.

Especificamente na área de private equity, foram realizadas 37 operações de investimento, menos 19% do que em igual período do ano passado. Por outro lado, o valor disparou quase 200% para os dois mil milhões de euros até agosto. Maior foi o número de rondas de investimento de capital de risco (venture capital): 74 de 529 milhões de euros, mais 28% de dinheiro envolvido. No segmento de compra de ativos (asset acquisitions), foram registadas 79 transações de 2,9 mil milhões de euros. Neste caso, um número 21% inferior e um valor 87% superior.

“Na área do private equity, o que é que aconteceu em Portugal, no último ano? Uma constituição de fundos muito significativa, portanto a maior parte – ou uma boa parte – das sociedades gestoras lançaram fundos novos. Por exemplo, na Core lançámos o Core Consolida em 2023”, começa por explicar Martim Avillez Figueiredo, senior partner da sociedade gestora de capital de risco Core Capital, em declarações ao JE.

“As maturidades destes fundos de investimento têm, tipicamente, quatro anos para investir. É natural que, quando existem grandes subidas nos valores sobre gestão, o que se explica pela constituição de novos fundos – entre os quais os participados pelo Banco de Fomento, que é de notar que este programa funcionou e deu dinamismo ao capital de risco em Portugal –, o número de transações possa descer porque se está a analisar, a construir pipeline e a preparar os investimentos”, afirma Martim Avillez Figueiredo.

Logo, antevê que a chegada do dinheiro sob gestão vá acelerar e chegar efetivamente à economia nos próximos meses. Resta saber se continuará centrado nos sectores de atividade de imobiliário, tecnologia, energias renováveis e turismo e lazer, como aconteceu nos últimos oito meses.

Segundo o advogado José Diogo Horta Osório, a queda do mercado de M&A tanto em número como em valor está em linha com o mercado global de aquisições e fusões. “As razões prendem-se com o aumento das taxas de juro, induzidas pelo crescimento da inflação, e consequentemente a redução de compras alavancadas (leverage buyouts); a conjuntura mundial de guerra, no Leste e no Médio Oriente, faz com que os operadores do mercado aguardem pelo melhor momento, quer no desinvestimento, quer nas aquisições”, esclarece o sócio da J+Legal. A seu ver, em Portugal, a instabilidade política também contribuiu para a falta de confiança dos investidores.

José Diogo Horta Osório acredita que, no último trimestre deste ano, esta tendência descendente no mercado como um todo manter-se-á idêntica. “Todos os fatores negativos de confiança se mantêm, embora haja um ajustamento da inflação e consequentemente a redução do custo da dívida, essencial para compras alavancadas. Caso se verifique um cenário de paz, um desfecho satisfatório nas eleições dos Estados Unidos, o ressurgimento do mercado de M&A ocorrerá no início do próximo ano”, refere ao JE.

Ranking de assessores 2024

  • Número de transações: Morais Leitão (22) e Banco Santander (cinco)
  • Valor das transações: Cuatrecasas Portugal (1,3 mil milhões de euros) e J.P. Morgan Chase (900 milhões de euros)
  • Consultoras (inclui ‘due diligence’): PwC Portugal (valor) e EY Portugal (número)
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