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G7: Biden e Macron implicam Johnson na preservação da paz na Irlanda do Norte

Washington exigiu que Londres diminuísse a sua tensão com a União Europeia e encontre uma solução negociada. Macron também quis impor uma reserva total em relação a qualquer revisão do tratado sobre a fronteira das Irlandas.
11 Junho 2021, 17h50

O político que descreveu Boris Johnson como um “clone físico e emocional de Donald Trump”, como recordava ao JE o comentador Francisco Seixas da Costa, o presidente norte-americano Joe Biden, mostrou esta quinta-feira, no primeiro encontro presencial entre os dois dirigentes, uma imagem de unidade e compreensão que visa reduzir a tensão das horas anteriores.

É que, por meio de canais diplomáticos e declarações de membros da equipa do presidente, Washington deixou claro a Londres que espera menos retórica inflamada e mais bom senso para encontrar uma solução para a crise na Irlanda do Norte, que coloca o governo de Johnson em confronto com a União. Biden – que tem fortes antecedentes familiares na Irlanda – preferiu desanuviar o ambiente quando chegou ao Reino Unido, mas deixou claro que pretende “trabalhar em estreita colaboração com todas as partes para proteger o delicado equilíbrio do Acordo” de Paz de Sexta-Feira Santa.

O presidente francês também optou por dar um ‘murro na mesa’ e na noite de quinta-feira aumentou a pressão sobre Boris Johnson sobre o protocolo da Irlanda do Norte, insistindo que “nada é negociável”. Numa intervenção que do lado de lá do Canal da Mancha foi vista como “desafiadora”, Emmanuel Macron alertou Boris Johnson que a França não está aberta a renegociar qualquer aspeto do protocolo sobre a fronteira entre as duas Irlandas.

Questionado sobre as propostas britânicas para que determinados aspetos do protocolo, Macron disse aos jornalistas em conferência de de imprensa no Eliseu que “acho que isso não é sério, querer dar uma nova vista de olhos em algo em julho que foi finalizado em dezembro após anos de discussões e debates”. “Temos um protocolo”, continuou, “se depois de seis meses alguém diz que não podemos respeitar o que foi negociado, isso quer dizer que nada pode ser respeitado. Acredito no peso de um tratado, acredito numa abordagem séria. Nada é negociável. Tudo é aplicável”, afirmou, citado pela imprensa francesa.

A cidade costeira de Carbis Bay, na região da Cornualha, albergará este fim-de-semana a primeira cimeira presencial do G-7, o grupo de nações mais ricas do planeta, desde o incío daa pandemia e Biden, presente pela primeira vez, aproveitou as horas anteriores para ter uma reunião com Johnson.

A cimeira do G7 decorre entre sexta-feira e domingo, juntando presencialmente pela primeira vez em dois anos dirigentes dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e da União Europeia, tem na agenda como tópicos principais a luta contra a pandemia e a nova taxa sobre os lucros das grandes empresas multinacionais.

Sob a presidência rotativa do Reino Unido, para esta edição foram convidados o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Índia, mas este último vai intervir por videoconferência.

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