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De John Kerry a Janet Yellen. Administração Biden começa a ganhar forma

Sabe-se que Biden foi buscar vários nomes conhecidos à administração Obama, onde atuou como vice-presidente. Joe Biden promete fazer história com a sua administração, apostando no primeiro latino imigrante para a segurança do país e na primeira mulher para a inteligência.
  • Joe Raedle/Getty Images
24 Novembro 2020, 18h15

Com o processo de transição iniciado por Donald Trump esta terça-feira, o presidente-eleito Joe Biden já começou a formar o seu gabinete presidencial, com alguns nomes da futura administração a serem veiculados pela imprensa norte-americana.

A Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos, responsável pelas presidenciais norte-americanas, definiu que Biden é o claro vencedor das eleições deste ano, e o presidente cessante já deu instruções à sua equipa para iniciar o processo de transição para o governo de Biden.

Após as notícias, Joe Biden, que assumiu por diversas vezes que não precisava das ajudas federais, anunciou alguns nomes que já escolheu para formar a sua administração na Casa Branca a partir do dia 20 de janeiro do próximo ano.

Ambiente para John Kerry

John Kerry é a adição mais recente ao grupo liderado por Joe Biden. Kerry é o ex-secretário de Estado dos Estados Unidos da administração Obama, e assinou o Acordo de Paris em nome dos Estados Unidos em 2015, tendo ainda sido candidato à presidência em 2004.

John Forbes Kerry, atualmente com 76 anos, vai liderar a pasta do Ambiente. John Kerry “lutará contra as mudanças climáticas a tempo inteiro como Enviado Presidencial Especial para o Clima e terá assento no Conselho de Segurança Nacional”, revelou um comunicado do escritório de transição, citado pela “Sky News”.

O ex-secretário de Estado dos Estados Unidos foi escolhido para esta posição devido à sua vasta experiência em crises globais, e o próprio Kerry já assumiu que espera trabalhar com os jovens que estão a liderar o movimento climático.

A presença dos Estados Unidos no Acordo de Paris foi revogada no início do mês, mas Joe Biden já se comprometeu em voltar a assinar o documento.

Janet Yellen, a primeira secretária do Tesouro

Apesar de ainda não estar confirmado, tudo aponta que Biden nomeie a ex-presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, como secretária do Tesouro dos Estados Unidos.

Apesar de não ser a única na corrida para ocupar a posição nas Finanças, Yellen parece ser a mais qualificada para assumir o cargo. Janet Yellen, de 74 anos, serviu a Reserva Federal entre 2014 e 2018 e o Conselho de Consultores Económicos da Casa Branca entre 1997 e 1999, na era de Bill Clinton, e apesar de não ser a primeira mulher no Tesouro será, caso seja nomeada, a primeira a chefiar as três posições económicas mais poderosas dos Estados Unidos.

Ao nomear Janet Yellen, o presidente-eleito quer colocar um economista experiente e especialista no mercado de trabalho ao leme da Nação, que atualmente está a sofrer a pior recessão económica desde a Grande Depressão. O foco da pasta do Tesouro estará em enfrentar a desigualdade económica em todo o território, cortar impostos e combater as alterações climáticas.

Antony Blinken: uma escolha previsível

Antony Blinken era uma das escolhas mais certas de Joe Biden desde que alcançou a vitória nas eleições. Blinken foi escolhido para o cargo de secretário de Estado do 46º governo norte-americano, sendo que esta escolha ainda tem de ser validada pelo Senado dos Estados Unidos.

A decisão em escolher Antony Blinken prendeu-se por este ser um dos assessores mais antigos e próximos do presidente-eleito, vai passar então a chefiar a diplomacia norte-americana.

De acordo com a biografia de Blinken, na página oficial da transição Biden-Harris, o próximo secretário de Estado ocupou cargos séniores na política externa em duas administrações nos últimos 30 anos, sendo que atuou como secretário de Estado Adjunto na segunda administração de Obama, tendo liderado na luta contra o Estado Islâmico e na crise global de refugiados.

Antony Blinken atuou ainda como assistente de Obama e vice conselheiro da Segurança Nacional do presidente Barack Obama, tendo ainda presidido o Comité dos Deputados. Blinken foi ainda membro do Conselho de Segurança Nacional do presidente Bill Clinton entre 1994 e 2001.

Alejandro Mayorkas na Segurança Interna

Mayorkas vai ocupar o cargo de secretário do Departamento de Segurança Interna, caso a sua nomeação seja aprovada pelo Senado. Alejandro Mayorkas é o primeiro latino e imigrante a ser nomeado para esta posição de destaque na defesa norte-americana.

Mayorkas conta com uma carreira de 30 anos como polícia e advogado reconhecido no setor privado, tendo já atuado como secretário adjunto do mesmo departamento para onde está nomeado durante a administração Obama entre 2013 e 2016, atuando também como diretor dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos entre 2009 e 2013.

Alejandro Mayorkas foi responsável pela implementação do DACA, política que permite que jovens que foram levados ilegalmente para os Estados Unidos se tornem elegíveis para um trabalho no território, acordos de segurança cibernética com outros governos, resposta aos vírus da Ébola e do Zika, e a construção para combater o tráfico humano.

De acordo com a página oficial da transição Biden-Harris, Alejandro Mayorkas começou com o seu serviço público no Departamento da Justiça e especializou-se em acusações de crimes de colarinho branco. Foi considerado o procurador mais novo dos Estados Unidos, tendo supervisionado vários processos de importância nacional, onde se incluíram investigações de fraude financeira, corrupção política e lavagem de dinheiro internacional.

Serviços secretos para Avril Haines

Ainda que seja um nome consideravelmente desconhecido ao público, Avril Haines já trabalhou várias vezes com Joe Biden ao longo de uma década.

Haines será a primeira mulher a servir como diretora dos Serviços Secretos, sendo que durante a administração de Barack Obama foi assistente do presidente e principal conselheira adjunta de Segurança Nacional entre 2015 e 2017, tendo ainda liderado o Comité de deputados do Conselho de Segurança Nacional.

Entre 2013 e 2015, Avril Haines ocupou a posição de vice-diretora da Agência Central de Inteligência. Na verdade, Haines começou o seu serviço no governo de Obama como Conselheira legal do Conselho de Segurança Nacional

Ao aceitar o cargo, a primeira mulher a liderar o cargo vai supervisionar as 17 agências que compõem a comunidade de Inteligência de toda a Nação norte-americana.

Jake Sullivan, antigo conselheiro de Hillary

Atualmente, Jake Sullivan serve como conselheiro político sénior de Joe Biden, sendo que na administração Obama atuou como assistente adjunto do presidente e como conselheiro de Segurança Nacional do então vice-presidente Joe Biden.

Enquanto esteve no governo de Obama, Sullivan foi o principal negociador, durante as negociações iniciais, do acordo nuclear com o Irão, e desempenhou um papel fundamental nas negociações que permitiram o cessar fogo em Gaza, em 2012.

Em 2016, Jake Sullivan foi conselheiro político sénior na campanha de Hillary Clinton, quando esta foi candidata à presidência dos Estados Unidos mas perdeu para Donald Trump.

Linda Thomas-Greenfield nas Nações Unidas

Após se reformar, 35 anos depois de uma carreira como embaixadora no Serviço de Relações Exteriores dos Estados Unidos, Linda Thomas-Greenfield volta ao serviço público para completar a equipa de Joe Biden na Casa Branca. A antiga embaixadora vai servir como embaixadora dos Estados Unidos para as Nações Unidas, uma posição que desapareceu na administração de Donald Trump.

Entre 2004 e 2006, Thomas-Greenfield serviu como vice-secretária adjunta da agência de População, Refugiados e Migração, sendo que entre 2006 e 2008 serviu como vice-secretária adjunta da agência de Assuntos Africanos.

Ron Klain vai chefiar o gabinete

Após ter a certeza que ganhou as eleições, Joe Biden anunciou que Ron Klain seria o seu chefe de gabinete. Na nomeação, Biden destacou o trabalho de Klain na crise económica de 2009 e no surto de Ébola em 2014, sustentando que Ron Klain tem sido um conselheiro “inestimável”, estando sempre ao seu lado.

Klain foi chefe de gabinete de Biden, entre 2009 e 2011, enquanto este servia como vice-presidente dos EUA na presidência de Barack Obama, sendo advogado de profissão.

Ron Klain, que trabalhou na primeira campanha de Biden em 1988, também foi chefe de gabinete de Al Gore (1995–1999), chefe de gabinete e conselheiro da Procuradora-Geral Janet Reno (1994) e diretor de gabinete do Comité de Liderança Democrática no Senado.

Em 1992, Klain juntou-se à campanha de Clinton e esteve envolvido nas suas duas campanhas, tendo supervisionado as nomeações judiciais do antigo presidente norte-americano. Ron Klain foi ainda advogado associado do presidente e liderou a equipa que nomeou Ruth Bader Ginsburg para o Supremo Tribunal, em 1993.

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