A Galp está a estudar um investimento de 500 milhões de euros para construir 200 megawatts (MW) de capacidade de eletrólise para produzir hidrogénio verde.
Esta é a segunda fase do programa de descarbonização da refinaria da companhia em Sines, distrito de Setúbal.
A refinaria é a maior consumidora de hidrogénio em Portugal, mas do cinzento, produzido à base de combustíveis fósseis.
O objetivo da empresa é ir gradualmente transformando a produção de hidrogénio: de cinzento para verde, produzido com base em energias renováveis.
A meta é tomar uma decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês) até 2026, mas só se os estudos confirmarem a viabilidade do projeto.
“Estamos a trabalhar com um objetivo de [FID] até ao final de 2025, mas não há nenhuma garantia; 2025 é um prazo ambicioso, não é um compromisso, é um desejo… 2026 é bastante possível para tomar a decisão”, começou por dizer, ao JE, Sérgio Goulart Machado, diretor da área de hidrogénio da Galp.
“Esse foi o pressuposto que levámos para os leilões, mas não temos essa obrigação. Já demos um primeiro passo bastante grande com os 100 megawatts. Estamos a trabalhar para a fase dois, que são à volta de 200 megawatts”, acrescentou, em declarações ao JE, durante a Lisbon Energy Summit & Exhibition.
Sobre o valor do investimento, revelou: “à volta de 500 milhões, na segunda fase”.
Tal como na primeira fase, “o objetivo é substituir o hidrogénio cinzento pelo hidrogénio verde. Estamos a dar os passos todos, estamos a entrar em basic engineering, estes processos têm vários passos”.
E qual a data prevista de entrada em operação deste investimento? “Se tudo corresse muito bem, até ao final de 2027. É bastante difícil, não é o mais provável. 2028 é bastante mais provável”, como data para entrar em operação, se a companhia decidir avançar, afirmou Sérgio Goulart Machado.
No final de abril, a Comissão Europeia anunciou que o projeto da Galp (Grey to Green II) foi um dos sete contemplados no leilão do Banco de Hidrogénio Verde. A companhia obteve um apoio comunitário de 84,2 milhões de euros ao longo de 10 anos (0,39 euros por kg de hidrogénio verde), num total de 210 mil toneladas. O outro contemplado português foi o projeto da MadoquaPower2X em Sines para produzir amónia verde, indo receber 245 milhões de euros.
Em abril de 2023, a Galp anunciou que iria avançar para a primeira fase do projeto de hidrogénio verde: 100 MW de capacidade de eletrólise para produzir até 15 mil toneladas de hidrogénio renovável por ano, tal como revelou o JE em primeira mão na altura.
Meses mais tarde, a companhia anunciou o FID para o projeto, visando um investimento que ascende aos 250 milhões de euros, substituindo 20% do consumo atual de hidrogénio cinzento, e reduzindo as emissões de gases com efeito estufa em 110 mil toneladas por ano. Os eletrolisadores serão alimentados a eletricidade renovável: tanto através da energia renovável da Galp, como através de acordos de fornecimento de longo prazo.
Além da primeira fase do projeto de hidrogénio verde, a companhia também está a investir 400 milhões de euros para avançar com a produção de biocombustíveis avançados num consórcio com os nipónicos da Mitsui (75% para a Galp, com os restantes para os japoneses).
A unidade produzirá diesel renovável (hydrotreated vegetable oil – HVO) e combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF) a partir de resíduos usados, permitindo uma redução das emissões de gases com efeito estufa em cerca de 800 mil toneladas anuais.
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