A Galp vai inaugurar hoje a sua primeira central solar em Portugal, no que é o maior investimento da empresa em energia solar no país, entre os vários projetos previstos.
O projeto conta com um total de 144 megawatts (MW) e a construção arrancou em março de 2021. No total, são quatro centrais fotovoltaicas, com a capacidade de abastecer 80 mil famílias por ano, evitando a emissão de 75 mil toneladas de CO2 por ano. Parte do projeto já arrancou a produção em 2022.
Atualmente, a Galp New Energies conta com 97 megawatts em operação em Portugal. Portugal conta já com mais de um gigawatt de capacidade solar, cerca de 7% da capacidade instalada de energias renováveis. A grande hídrica domina com 46% da capacidade renovável, seguida da eólica com 38%.
O JE questionou a empresa sobre o valor do investimento em causa, mas não obteve resposta.
A central fica localizado no concelho de Alcoutim, distrito de Faro, numa cerimónia que conta com a presença do CEO da empresa Filipe Silva, do ministro do Ambiente Duarte Cordeiro e do autarca de Alcoutim Osvaldo Gonçalves.
A companhia contava com 1,4 gigawatts de capacidade renovável em 2022, para atingir os 1,6 gigas este ano e espera alcançar os 4 gigas em 2025. A energética tem outros projetos solares em Portugal, num total de mais de 500 megawatts, incluindo outro projeto de 343 megawatts em Ourique e de 8 MW em Odemira.
A petrolífera portuguesa tem tido dias agitados. No início desta semana, anunciou que decidiu avançar para investimentos de 650 milhões de euros na refinaria de Sines, numa nova unidade de produção de biocombustíveis para o transporte rodoviário e aéreo que deverá entrar em produção no final de 2025, e também numa unidade de produção de hidrogénio verde. Os investimentos foram revelados em primeira mão pelo Jornal Económico em abril.
A unidade de biocombustíveis representa a maior fatia deste investimento: 400 milhões de euros para produzir 270 mil toneladas por ano, num consórcio formado entre a Galp e os japoneses Mitsui (75%-25%, respetivamente).
A companhia liderada por Filipe Silva prevê que o projeto HVO@Galp venha a gerar 432 milhões de euros de receitas anuais, em média, durante a sua vida útil. O valor foi inicialmente revelado no estudo de impacte ambiental datado de abril deste ano, e a empresa confirmou agora ao JE que o valor mantém-se, continuando a servir de “referência”, segundo fonte oficial da Galp.
O projeto vai produzir “diesel renovável (hydrotreated vegetable oil – HVO) e combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF) a partir de resíduos usados, permitindo uma redução das emissões de gases com efeito estufa em cerca de 800 mil toneladas anuais (Scope 3, CO2e), comparativamente às alternativas fósseis disponíveis”, anunciou a empresa em comunicado.
A presidente do conselho de administração da petrolífera aproveitou para deixar um recado ao atual Governo, e futuros, sobre a importância da estabilidade regulatória e fiscal no país.
“Estes projetos, dois dos maiores desta natureza, representam um investimento global de 650 milhões de euros. Trata-se de um contributo significativo para a transformação e o crescimento do sector industrial em Portugal, colocando a Galp na vanguarda do desenvolvimento de soluções de baixo carbono imprescindíveis para assegurar a transição energética. Estas decisões de investimento foram tomadas na expetativa de que a evolução do enquadramento fiscal e regulatório em Portugal não prejudique o sucesso destes projetos de grande dimensão, garantindo que as nossas operações industriais se mantenham competitivas a longo prazo num contexto global”, disse Paula Amorim em comunicado.
Em relação à unidade de produção de hidrogénio verde, a companhia prevê investir 250 milhões de euros. O projeto terá uma capacidade de 100 megawatts de eletrólise para produzir até 15 mil toneladas de hidrogénio verde por ano.
“A integração deste projeto de larga escala nas operações da refinaria de Sines permitirá a substituição de cerca de 20% do consumo atual de hidrogénio cinzento e poderá representar uma redução das emissões de gases com efeito estufa de aproximadamente 110 mil toneladas por ano (Scope 1 e 2, CO2e)”, detalhou a companhia.
“Os eletrolisadores serão alimentados a eletricidade renovável, através de acordos de fornecimento de longo prazo, alavancados também pela capacidade de geração renovável da Galp. Recorrendo a água industrial reciclada, estima-se que o consumo de água desta unidade represente menos de 3% do consumo médio anual da refinaria”, avançou a Galp.
A Galp prevê criar 128 postos de trabalho diretos para operar estas unidades, com mais de mil trabalhadores para a fase de construção.
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