A Galp já está a negociar com empresas “credíveis” do setor petrolífero a venda de uma fatia de 40% da sua operação na Namíbia.
As ofertas não-vinculativas foram entregues até ao início de julho e o objetivo é fechar uma “forte parceria” com um “parceiro experiente” para desenvolver a área de Mopane no mar da Namíbia.
“Estamos em negociações”, anunciou a co-CEO Maria João Carioca na chamada com analistas na segunda-feira, com a empresa a prever fechar negócio até ao final do ano.
A companhia também reviu em alta as suas previsões para este ano: o EBITDA deve atingir os 2,7 mil milhões de euros face aos 2,5 mil milhões anteriores, e o cash flow orgânico deve atingir os 1,8 mil milhões. Já a produção deve subir para 105-110 mil barris diários.
“Estamos a a analisar as ofertas”, acrescentou, esperando concluir esta parte do processo até ao “final do ano”.
“Iremos agora ter mais conversações sobre estas ofertas. São empresas credíveis. Não estamos com pressa. O final do ano continua a ser a nossa referência”, destacou a gestora.
“A nossa previsão é fechar parceria até ao final do ano. Vamos agora ter conversações bilaterais”, sublinhou a gestora durante a chamada.
Sobre o que procura num parceiro, disse que espera que tenha um “forte registo operacional”, pois esta é uma “bacia nova, com águas profundas e uma forte pressão”.
“Tem de ter a capacidade de lidar com isto e que tenha uma perspetiva ativa sobre como desenvolver o ativo. É preciso que consigamos dialogar para estarmos completamente alinhados. É importante estarmos alinhados com os nossos parceiros”, de acordo com Maria João Carioca que destacou que é importante a entrada de um parceiro para o risco do projeto ser partilhado.
Sobre a tomada da decisão final de investimento (FID) na Namíbia, disse que ainda não tinha nenhuma data.
“Temos estado a partilhar dados com os parceiros potenciais que estão em conversação connosco no processo atual (…). Estamos a prever para o final do ano, incluindo as negociações para as parcerias, mas não estamos a prever timings para os próximos passos”, acrescentou durante a chamada.
Sobre a decisão do Tribunal Constitucional de chumbar a Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE) para o gás natural, disse que é “positiva”, mas com um impacto limitado para a Galp, pois só abrange as infraestruturas de gás, e que não efetuou provisões, pois o impacto “era muito baixo”.
Os lucros da Galp recuaram 9 por centro para 565 milhões de euros no primeiro semestre face a período homólogo, penalizados pela quebra do preço do petróleo nos mercados mundiais.
O EBITDA desceu 16 por cento para mais de 1.500 milhões de euros, penalizado pela quebra da unidade de upstream: -28 por centro para 788 milhões de euros.
Já a unidade industrial e midstream subiu 2 por cento para 539 milhões de euros, com a unidade comercial a ganhar 15 por cento para 163 milhões de euros e as renováveis a subirem 35% para 19 milhões.
A companhia justifica a quebra nos lucros por o preço do petróleo ter afundado 20%, apesar de a produção ter subido 6% no segundo trimestre.
Neste período, a geração de cash flow atingiu 980 milhões de euros “refletindo uma performance operacional robusta durante o período de uma base de ativos resiliente operando num contexto macroeconómico mais desafiante”, segundo a empresa.
Já o capex líquido atingiu 305 milhões, “refletindo receitas da conclusão da venda da Área 4 em Moçambique”, com os investimentos a serem principalmente alocados para o arranque de Bacalhau, no Brasil, a última campanha de exploração e avaliação na Namíbia e a construção dos projetos de baixo carbono em Sines.
Olhando somente para o segundo trimestre, os lucros dispararam 25 por cento para 373 milhões de euros.
O disparo aconteceu à boleia da subida da unidade industrial e midstream, com mais 42 por cento para 320 milhões, seguida da unidade comercial que ganhou 28 por cento para 101 milhões de euros.
Já a unidade upstream caiu 24 por cento para 403 milhões de euros, com a queda de 20% do preço do petróleo, apesar de a produção ter subido 6 por cento, “refletindo a forte disponibilidade da frota de FPSO durante o trimestre, com um número limitado de atividades de manutenção”.
No segmento industrial e midstream, a produção de produtos refinados e a margem foram impactados pelo apagão ibérico no final de abril, mas o segmento foi apoiado pela venda em mercado de gás natural e gás natural liquefeito, “com os volumes a aumentar significativamente”, à boleia do gás norte-americano da Venture Global LNG.
Já o segmento comercial “refletiu uma forte performance apoiada na melhoria dos mercados em África e Espanha”.
“O segundo trimestre de 2025 foi outro trimestre forte para a Galp, com base numa robusta performance operacional nos negócio. Num ambiente macroeconómico e geopolítico cada vez mais incerto, navegamos o período com resiliência e foco, que traduziu-se numa forte geração de ‘cash’. Isto permitiu continuar a recompensar os acionistas mantendo uma sólida fundação financeira”, disseram em comunicado os co-CEO Maria João Carioca & João Diogo Marques da Silva.
“O nosso mandato é claro: assegurar a continuação da estratégia de execução. E à medida que continuamos a entregar as nossas prioridades, estamos confiantes na nossa performance e assim atualizamos as nossas expetativas operacionais para 2025. Assegurar uma forte parceira na área PEL 83 na Namíbia continua a ser um objetivo importante, e o progresso até agora reforça a nossa confiança na sua conclusão com sucesso”, acrescentaram.
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