A Galp procura um parceiro estável para uma relação duradoura na Namíbia. E não está com pressa para forjar um acordo.
“Estamos a tirar risco à área de Mopane. Temos uma posição financeira que nos permite não apressar uma transação. Podemos manter por agora” os trabalhos na Namíbia, disse o presidente-executivo da companhia na segunda-feira.
Filipe Silva adiantou que a empresa vai ter de proceder à venda de parte da sua participação de 80% mais para a frente. “Vamos dar prioridade a um parceiro que queira desenvolver rapidamente” o projeto e que “financie o Capex”.
“Isto é mais do que monetização”, com o CEO a detalhar que a empresa procura uma “parceria real para apoiar o desenvolvimento de Mopane e da Namíbia”.
“Estamos em discussões preliminares com potenciais parceiros”, acrescentou na call com analistas esta segunda-feira.
Na chamada com os analistas, a petrolífera portuguesa revelou que está a preparar novos furos de pesquisa na Namíbia, esperando realizar “quatro novos poços no quarto trimestre” deste ano.
O gestor também adiantou que os preços esperados para a pesquisa na Namíbia “vão ser significativamente mais baratos” face ao esperado, devido a um “ambiente mais benigno”, com mais prestadores de serviços de upstream presentes no país africano. “Há capacidade, há concorrência nos prestadores de serviços”.
Sobre as negociações com o Governo da Namíbia, Filipe Silva adiantou que estão a ser “muito construtivas e muito profissionais”.
Em Angola, a companhia concluiu a venda de ativos de exploração petrolífera no segundo trimestre. Até à data, a operação já rendeu 790 milhões de euros e deverá gerar mais 55 milhões em 2025.
Em Moçambique, a companhia aceitou vender 10% da sua participação na Área 4 à ADNOC, esperando a conclusão da operação nos próximos meses. E espera tomar uma decisão final de investimento sobre dois projetos futuros até ao final deste ano e em 2025.
Olhando para São Tomé e Príncipe, onde a Galp também está a fazer furos exploratórios, Adriano Bastos, líder dos projetos upstream da empresa, adiantou: “Temos muitos dados para analisar antes de decidir onde e quando furar. Planeamos furar no final de 2025. Dependendo do resultado, vamos pensar sobre o futuro da campanha no país”.
Sobre o Brasil, a companhia analisou a situação na área de Bacalhau, fase 1: “esperamos o primeiro óleo em meados de 2025, que vai resultar na melhoria significativa de produção, com um aumento de 30% da produção no nosso portefólio”, que vai contribuir com mais 40 mil barris diários para a produção da companhia, disse Daniel Elias que lidera a operação no país lusófono.
Nas energias renováveis, o administrador Georgios Papadimitriou previu que os preços da energia recuperem na Ibéria no terceiro/quarto trimestre, depois da queda registada no início do ano.
Para este ano, a empresa espera concluir 100 MW, esperando arrancar com a construção de vários projetos. Georgios Papadimitriou apontou que o licenciamento de projetos na “Ibéria, e em Espanha, em particular”, tem sido um desafio. “Existem desafios que tornam difícil” executar o pipeline, incluindo o fim da extensão do período para construir projetos de energias renováveis.
Segundo o “El Periodico de Espana”, cerca de 9 gigawatts de energia eólica e 30 gigawatts de energia solar fotovoltaica estão em risco de não conseguir obter licença de construção, colocando em risco 24 mil milhões de euros de investimento, cujo prazo termina a 25 de julho. Estes projetos obtiveram autorização inicial segundo legislação aprovada em 2018.
Lucros da Galp sobem 23% e dividendos aumentam
Os lucros da Galp subiram 23% no primeiro semestre deste ano para os 624 milhões de euros face a período homólogo, anunciou ontem a companhia.
A companhia também anunciou que vai propor aos acionistas uma subida do dividendo por ação de 4%: 56 cêntimos por ação, relativo aos resultados de 2024, com o pagamento de um dividendo interino de 28 cêntimos em agosto.
O EBITDA manteve-se em linha com o registado há um ano: 1.788 milhões de euros, com o cash flow a subir 13% para atingir 1.205 milhões de euros, “refletindo uma performance operacional robusta durante o período e excluindo qualquer contribuição do projeto Coral Sul na Área 4 em Moçambique”.
Por segmento, o upstream registou uma subida de 3% para 1.100 milhões de euros; o comercial subiu 2% para 142 milhões; o industrial&midstream valorizou 1% para 530 milhões; as renováveis recuaram 79% para 14 milhões.
Por segmentos, o upstream foi suportado por “níveis de produção resilientes e pelo custo competitivo do portefólio brasileiro”; no industrial&midstream, o resultado foi suportado com a maior utilização do sistema de refinação e a continuação da forte contribuição midstream nomeadamente do petróleo e gás; no comercial, o resultado foi sustentado com a “contribuição resiliente das atividades ibéricas e a recuperação da contribuição de África”; nas renováveis, o resultado foi penalizado pela “pressão alta colocada sob os preços de eletricidade na Ibéria”, tendo a companhia colocado mais 100 MW em operação para um total de 1,5 gigas na Ibéria.
Já o Capex líquido afundou 81% atingindo 61 milhões, com o Capex orgânico a destinar-se “a projetos upstream em desenvolvimento no Brasil, nomeadamente Bacalhau e a campanha inicial na Namíbia”.
Por sua vez, a dívida líquida recuou 17% face ao final de 2023, tendo em conta dividendos a interesses não controláveis, dividendos pagos a acionistas e recompra de ações.
“A Galp completou a venda dos ativos angolanos e anunciou o desinvestimento da Área 4 em Moçambique. Estas ações permitem-nos cristalizar valor, reduzir risco e foco em projetos de retorno elevado alinhados com a estratégia da Galp: continuar a eliminar risco e fazer crescer o upstream com projetos low cost e de baixo carbono, enquanto transformamos as nossas posições integradas no downstream e midstream”, disse em comunicado o CEO Filipe Silva.
A companhia salientou que os investimentos atingiram 241 milhões de euros, dirigidos sobretudo ao projeto de Bacalhau no Brasil, e aos projetos de baixo carbono em Sines, com a construção da unidade avançada de biocombustíveis.
A Galp anunciou na segunda-feira que vendeu a sua operação na Guiné-Bissau por 31 milhões de euros.
“Durante o segundo trimestre, a Galp iniciou o processo para vender os seus ativos comerciais na Guiné-Bissau e assinou um acordo com a Zener International Holding”, pode-se ler no comunicado divulgado pela empresa.
A empresa portuguesa já recebeu cinco milhões de euros iniciais do negócios, e irá receber mais 26 milhões após a conclusão da transação que deverá ter lugar antes do final de 2024.
A Galp comercializava produtos petrolíferos através da Petrogal GB, da Petromar (detida a 80%), da Petrogás (participada a 65%), da CLC GB (detida a 90%) e da ASB (participada a 50%).
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