Na primeira liga do campeonato dos mercados financeiros as farmacêuticas, banca e armamento saíram vencedoras. As indústrias expostas aos mercados fora dos EUA perderam e as tecnológicas foram as que mais caíram. No rescaldo da vitória de Trump, Wall Street fechou positivo e o índice industrial Dow Jones chegou a bater um recorde a meio da sessão desta quina-feira. Afinal a excitação dos mercados pela negativa durou poucas horas. A “velha” Europa fechou ainda receosa das consequências da nova liderança nos EUA, mas durante os próximos dias assistir-se-á a um equilíbrio de forças. É bem possível que as empresas com ativos nos EUA sintam dificuldades, enquanto as companhias que baseiam o negócio nas transações com os EUA venham a sentir o ímpeto protecionista que se espera em janeiro com a nova administração Trump.
O que esperar nos EUA? Mais despesa a nível de infraestruturas e mais investimento na defesa e forte proteção das empresas que têm o mercado norte-americano como nuclear, caso das farmacêuticas e do agroalimentar.
O que esperar na Europa? Forte subida em setores da defesa, das farmacêuticas, das energéticas e das tecnológicas que não estão dependentes dos EUA. Relevante também as relações com grandes mercados como a China e África para as empresas portuguesas, pois esses são mercados de grande potencial ou menos concorrência. Os analistas contactados mostram-se confiantes na adaptação dos mercados e na estabilização das relações UE/EUA.
Depois do anúncio da vitória, Trump fez um discurso mais conciliador, mais moderado, deixando os investidores mais calmos, Apesar das promessas mais agressivas, o polémico bilionário prometeu ser o “presidente de todos os americanos” e promover uma transição suave que permitisse uma maior estabilidade e implementar políticas para relançar o crescimento da economia.
Presente no Web Summit, o CEO da Nasdaq, Bob Greifeld, referiu que está “otimista em relação aos resultados eleitorais norte-americanos”, acrescentou que, à semelhança do que aconteceu com o Brexit, o ambiente de incerteza em torno dos mercados acabou por estabilizar. O presidente do índice tecnológico garantiu que a eleição do líder do partido Republicano não vai ser “tão preocupante como todos preveem. Os mercados vão acalmar”.
Segundo analistas consultados pela Reuters, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA pode colocar em causa a convicção generalizada do mercado, de que a Reserva Federal Americana (FED) possa vir a aumentar as taxas de juros já em dezembro, e prossiga com novos aumentos graduais nos próximos anos.
O BiG refere que “a vitória de Trump poderá retirar pressão ao FED em subir a taxa de referência em Dezembro, o que também acabaria por gerar alguma debilidade para o dólar em relação a um basket variado de divisas internacionais.”
A turbulência do mercado já forçou a Fed no passado a adiar subidas das taxas de juros, incluindo a queda do mercado de ações chinês em 2015 e a decisão dos eleitores do Reino Unido, de votar favoravelmente a saída da União Europeia em Junho passado.
As ‘yields’ das dívidas soberanas a 10 anos disparam hoje acompanhando a subida do prémio de risco dos pares europeus para máximos dos últimos meses, com receios que as futuras políticas comerciais protecionistas e de investimento público de Donald trump possam vir a causar um aumento de inflação.
Conforme refere Steven Santos, gestor do BiG, “se Trump materializar a sua agenda protecionista, haverá maiores barreiras à importação de bens e serviços, o que se traduz ao fim de pouco tempo em mais inflação. Os custos alfandegários deverão aumentar para bens provenientes de países como a China, o México e a Africa do Sul, o que gera inflação nos produtores e, subsequentemente, consumidores norte-americanos. O investimento em infra-estruturas pesadas também será forte, o que vai gerar mais oferta de emprego num mercado com pouca disponibilidade, o que deverá provocar aumento dos salários”.
A inflação é vista tradicionalmente como uma das principais penalizadoras do retorno no mercado de ‘fixed income’.
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