Em plena era digital onde existe todo um buzz à volta da transformação e da disrupção, as empresas, movidas pela pressão de inovar de forma rápida, seja com o objetivo de se diferenciar ou de acompanhar o mercado, introduzem alterações impactantes nos seus modelos de negócio. Estão as empresas conscientes e preparadas para gerir os riscos decorrentes de tais alterações com impacto nos fluxos de receita?
Na definição de uma estratégia de transformação digital, é fundamental conhecer e gerir os riscos de uma forma ágil e eficaz. Para tal, é necessário compreender de forma exaustiva os processos de negócio e sistemas de forma a identificar, avaliar e adotar estratégias adequadas de gestão de risco.

Nesse contexto, a perda de receita decorrente de eventos intencionais (fraude) ou não (leakage) é tipicamente uma das áreas de maior preocupação, em particular em sectores com elevada complexidade, como é o caso das telecomunicações. Foi aliás neste sector que o termo Revenue Assurance teve origem, que consiste na aplicação de procedimentos de análise de dados e de revisão (e potencial melhoria) de processos, de modo a obter confiança em que o que é faturado aos seus clientes e/ou pago a terceiros é o correto.

Tratando-se de uma abordagem assente em grandes volumes de dados, sejam eles de origem das transações/comunicações ou dados de referência (normas internacionais, tarifários, etc), e pelo número elevado de tarefas de comparação e reconciliação com o que é faturado e/ou reconhecido contabilisticamente, o Revenue Assurance é também aplicável a outros sectores.

De forma simplista, sempre que existam diferentes fontes de dados, regras de negócio com necessidade de constantes adaptações e exposição a permanentes alterações, sejam elas de origem regulatória ou de estratégia de inovação da empresa, será sempre crucial identificar focos de perda de receita. São disso exemplo outros sectores como a do retalho, em que a elevada concorrência obriga a uma constante reinvenção das formas de satisfazer e atrair clientes, ou a área de meios de pagamentos, sendo uma das em que se tem verificado mais exemplos de inovação nos tempos recentes (pagamento com cripto moedas, o crescimento de soluções de e-Commerce e o aparecimento e expansão dos pagamentos via mobile – p.e. Apple Pay).

A inovação é fundamental para a sobrevivência das empresas na era digital, devendo estas assumir uma postura proativa e ágil a repensar os seus modelos de negócio. No entanto, não deve ser descurada a gestão eficiente dos riscos a que estão expostos, e devem estar alerta relativamente a potenciais focos de perda de receita.