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Garantia mútua alavancou investimentos de 30 mil milhões de euros

Estudo da Católica mostra que a adesão ao sistema tem benefícios claros para as empresas no acesso ao crédito, na capacidade de investimento, no aumento das exportações e na criação de emprego.
26 Outubro 2018, 12h34

Num quadro em que as grandes linhas da macroeconomia colocam o país acima da média europeia em diversos indicadores, o sistema de garantia mútua induziu cerca de 30 mil milhões de euros – com um investimento público de base de 1,6 mil milhões, segundo dados do final do primeiro semestre do ano em curso. As garantias emitidas, para a mesma data, foram de 15 mil milhões de euros, com uma carteira viva de 3,5 mil milhões – correspondentes a 53 mil entidades apoiadas.

Estes valores foram avançados por Beatriz Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua (SPGM) e da junta diretiva da REGAR (rede ibero-americana de garantia) no segundo dia do XXIII Fórum Ibero-Americano de Sistemas de Garantia e Financiamento para PME, a decorrer desde quinta-feira no Porto, e de que o Jornal Económico é media partner.

Um estudo da Universidade Católica atesta o impacto do sistema na economia do país. Dado a conhecer por Vasco Rodrigues, diretor executivo CEGEA, Católica Porto Business School, o estudo confirma que a utilização do sistema de garantia por parte das empresas tem efeitos benéficos em termos da capacidade de acesso ao crédito (e o seu curto) e necessariamente de investimento, com notórias repercussões no aumento da produção, das exportações e da criação de emprego.

O estudo, que abarca o período de 2011-2016, adianta que as empresas que aderiram ao sistema conseguem uma poupança no serviço da dívida da ordem dos 0,57 pontos percentuais (em média), de onde resulta que estas empresas, no seu conjunto, pouparam 190 milhões de euros em juros enquanto mantiveram o crédito vivo. Isto num quadro em que estas empresas tiveram acesso a mais dívida por fazerem pare do sistema – num total de 7,7 mil milhões de euros para o período em referência, com efeitos também na maturidade da dívida.

Em termos económicos, o estudo indica que efeito da garantia mútua no investimento foi de 3,8 mil milhões de euros entre 2011-2016, que não existiriam sem o sistema. As exportações, embora de menor impacto, também contaram com um efeito mensurável em 738 milhões de euros. Do mesmo modo, o efeito do sistema no aumento do emprego é de 0,6 pontos percentuais por empresa, traduzidos em 12.600 novos postos de trabalho.

No que diz respeito aos grandes dados macroeconómicos (efeito do sistema no PIB e no emprego), o estudo ainda não fechou a análise dos dados, mas esse será o próximo passo da universidade.

Garantia mútua e geografia

O desenvolvimento produtivo e empresarial, a internacionalização das pequenas e médias empresas e o cruzamento entre políticas públicas de apoio à consolidação económica com o esforço privado de desenvolvimento dos negócios são, em traços gerais, os fundamentais do sistema de garantia mútua.

Foram estas caraterísticas e as suas especificidades – tanto geográficas como de grau de desenvolvimento – que estiveram em análise Eduardo Vásquez Kunze, da Associação Latino-Americana de Bancos de Desenvolvimento afirmou, sobre esta matéria, que o desenvolvimento do sistema de garantia mútua ainda não está suficientemente desenvolvido em diversas geografias do continente sul-americano – apesar de a associação de que faz parte agrupar já 90 bancos e instituições e ter cumprido este ano 50 anos de existência.

O certo é que, aquele responsável, ainda falta ao sistema percorrer um caminho que o transforme numa ferramenta devidamente eficaz para as empresas – enquadradas em economias emergentes que carecem de consolidação.

De algum modo, a realidade espanhola é um pouco ao contrário: António Couceiro – presidente da CESGAR, teve a oportunidade de apresenta um sistema não só com uma enorme capacidade financeira de ‘intromissão’ como também com uma capilaridade territorial que praticamente não pode crescer mais.

Para aquele responsável, os 40 mil milhões de euros de investimento induzido pelo sistema são a evidência de que o seu funcionamento está num nível de desenvolvimento de topo. Mesmo assim, António Couceiro identificou um problema: o universo das PME espanholas ainda não tem informação suficiente sobre o sistema – o que eventualmente pode também suceder no mercado português.

Melhorar a produtividade, promover os investimentos de capital estrangeiro, mas principalmente desenvolver a participação das empresas mexicanas nas cadeias de valor que alimentam as exportações são os principais objetivos estratégicos do Bancomext, um banco estatal que tem um papel fundamental na economia do país, como disse Francisco N. González, diretor-geral da instituição.

A instituição está a desenvolver o sistema de garantia como forma de apoiar a internacionalização das empresas – considerado como um fator-chave para as pequenas e médias empresas daquele país.

Depois da assinatura de um importante convénio de cooperação entre a REGAR e a Associação Latino-Americana de Bancos de Desenvolvimento – fechado no sentido do aprofundamento da disseminação do sistema de garantia, Beatriz Freitas, presidente da SPGM e da junta diretiva da REGAR, não quis deixar de enquadrar o sistema de garantia português.

Num quadro em que as grandes linhas da macroeconomia colocam o país acima da média europeia em diversos indicadores, o sistema de garantia mútua induziu cerca de 30 mil milhões de euros – com um investimento público de base de 1,6 mil milhões, segundo dados do final do primeiro semestre do ano em curso. As garantias emitidas, para a mesma data, foram de 15 mil milhões de euros, com uma carteira viva de 3,5 mil milhões – correspondentes a 53 mil entidades apoiadas.

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