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Garantia mútua face às fintech: aprender para decidir

O novo mundo digital é surpreendente e por isso o melhor conselho é aprender antes de decidir. O problema é que o tempo corre contra os que ainda estão a aprender. Nos Estados Unidos essa fase já passou. Decorre esta quinta-feira, no Porto, o XXIII Fórum Ibero-Americano de sistemas de garantia mútua, organizado em parceria entre a Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua e a REGAR.
25 Outubro 2018, 13h44

“Vamos observar a crescente digitalização dos sistemas financeiros”, nomeadamente depois do aparecimento das chamadas fintech, o que tem colocado enormes “desafios às instituições nacionais”, num quadro em que os consumidores querem “simplificação, rapidez, canais intuitivos, mas segurança e customização”, disse Ana Olívia Pinto Pereira, responsável do Banco de Portugal, no XXIII Fórum Ibero-Americano de sistemas de garantia mútua.

A decorrer no Porto e organizado em parceria entre a Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua (SPGM) e a REGAR (rede ibero-americanas de garantia), com o Jornal Económico como media partner, o fórum pretende debater os desafios da economia digital e a sua influência no universo da garantia mútua.

Admitindo que a banca tradicional está a passar por uma espécie de “crise existencial”, Ana Pereira afirmou que “temos hoje esta dupla realidade: banca tradicional e as fintech, que se dividem entre as colaborativas e as que concorrem com os próprios bancos”.

“Melhorar a capacidade de acompanhar as questões” relacionadas com a economia digital é, para aquela responsável, o desafio que se coloca aos reguladores – onde precisamente avultam o Estado – na qualidade de legislador – e, no que diz respeito mais especificamente ao sistema bancário, o próprio Banco de Portugal.

Neste quadro, “é preciso conhecer para atual, estamos a apostar na produção de conhecimento” para descobrir respostas – sendo este o papel, afirmou, do Banco de Portugal, que evoluiu já de uma posição de mero observador para um papel mais interventivo, ou pré-interventivo. “Desde 2017 que o banco tem no seu plano de atividades a necessidade de acompanhar este tema”, revelou Ana Pereira.

Por seu turno, João Machado Mota, da Associação FinTech e InsurTech de Portugal, chamou a atenção para a capacidade de as novas empresas de base tecnológica poderem substituir funções que neste momento estão atribuídas à banca tradicional. Essa certeza – porque já há essa certeza – coloca um desafio ao sistema bancário, mas o seu papel não irá por certo desaparecer, afirmou. A não ser no que tem a ver com os domínios onde as fintech assumem ter uma resposta mais satisfatória em termos de sistemas descentralizados, face aos centralizados.

“É preciso pensar nestas coisas”, avisou. Para já, em aberto está uma dinâmica incremental (de associação entre atividade tradicional e novas tecnologias) ou, ao contrário, uma dinâmica de rutura, onde os possíveis pontos de encontro entre os dois desaparecem.

Já Giuseppe Gramigna, chief economist da U.S. Small Business Administration, que precisamente pensou ‘nestas coisas’ e está num mercado uns níveis acima do europeu, o norte-americano, o debate já está noutro plano: “Em vez de as instituições tracionais estarem a pensar se absorvem ou não os conhecimentos das fintech, estão a já pensar quando é que vão absorver esses conhecimentos e quais”.

Para aquele responsável, o sistema de garantia tem a obrigação de colocar a si própria a questão de saber qual será o posicionamento do sistema face a estas profundas alterações. Mas não deu a resposta ou uma pista para ela: afinal, o tempo é de absorver informação para que a decisão seja a acertada.

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