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Gastos dos portugueses em restauração e viagens aéreas afundaram 50%

As restrições impostas pela declaração do Estado de Emergência alteraram significativamente os padrões de consumo dos portugueses. Uma análise da Revolut concluiu que os serviços de entrega de refeições aumentaram, assim como as subscrições da Netflix. Em sentido contrário, os negócios da restauração, viagens aéreas e de deslocações urbanas afundaram.
8 Abril 2020, 10h49

A fintech Revolut, que em Portugal tem mais de 400 mil utilizadores, analisou os padrões de consumo em território nacional ao longo do mês de março e concluiu que a maior queda da faturação face ao mês anterior se deu na restauração e nas viagens aéreas, com quedas de 50% e 49%, respectivamente.

“A área da restauração é, sem surpresas, uma das [áreas] que mais sofreu com o impacto do novo coronavírus e a análise à utilização dos cartões Revolut por parte dos portugueses refletiu uma quebra de 50% no volume transacionado, em março, quando comparado com o mês anterior”, referiu a Revolut em comunicado.

As limitações impostas ao espaço aéreo europeu teve obviamente impacto nas receitas das companhias áereas durante o mês de março, cujo volume de transações caiu 49% com origem em cartões em Portugal da Revolut, “depois de um pico justificado pelo período de férias de Carnaval”, explicou a fintech que em Portugal é liderada por Ricardo Macieira.

Também as viagens das plataformas TVDE sofreram consequências com as restrições na mobilidade. O volume de negócios das plataformas Uber, Bolt e Kapten caíram 48%, 55% e 57%, respectivamente.

No entanto, os serviços de entrega de refeições estão a registar uma tendência positiva, beneficiando “do facto de a maioria das famílias estarem em casa”.

A faturação da UberEats subiu em um-terço, impulsionada pelo aumento de 22% do número de transações. Já a Glovo, cujo serviço de entrega abrange também outros produtos que não a entrega de refeições, viu a faturação subir em 51%, registando um aumento de 27% do número de transações.

Idas ao supermercado diminuem, mas gastos disparam

A análise da Revolut concluiu que houve uma alteração significativa dos padrões de consumo dos portugueses durante o mês de março. Face ao mês anterior, o número de transações caíram 30% nas principais grandes superfícies do país.

No entanto, os gastos aumentaram em mais de um-terço, para 35%. “O isolamento profilático e as regras do confinamento ditaram que os portugueses fizessem menos vezes as suas compras, mas gastassem mais”, explicou a fintech.

A contribuir para esta evolução esteve o aumento dos gastos em 44% na semana que antecedeu a declaração do Estado de Emergência, entre os dias 10 e 18 de março. “​Os portugueses terão assim privilegiado assim a realização das suas compras de mercearia na semana que antecedeu a declaração de novas medidas limitativas da liberdade no país”, referiu a Revolut.

E-commerce estabiliza

Os impactos das medidas de confinamento impostas ao abrigo do Estado de Emergência tiveram consequências nas formas de pagamentos por parte dos portugueses.

Com grande parte do comércio físico e não essencial encerrado, as pessoas deslocam-se menos para a rua para efetuarem compras em março face ao mês anterior, o que explicou a redução de 12% dos pagamentos em terminais físicos.

Já o comércio eletrónico manteve-se praticamente inalterado em março em relação ao mês de fevereiro, cujo volume transacionado cedeu ligeiramente 2%.

Neste contexto, marcas como a Playstation ou Nintendo estão a beneficiar com o tempo que os portugueses têm passado em casa, com os números de transações a mais do que duplicarem no primeiro caso (+136%) e a aumentarem em cerca de três-quartos (+73%) no segundo caso. “O isolamento profilático terá contribuído para o aumento da procura por plataformas de gaming​ e videojogos”, explicou a Revolut.

Também as subscrições da Netflix aumentaram 9%, enquanto as transações efetuadas para a Apple e a Google subiram 15% e 11%, respectivamente.

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