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General Electric deve apresentar cash flow negativo no primeiro trimestre de 2021

Segundo indicações do CEO da General Electric, Larry Culp, dadas esta terça-feira durante uma conferência do Barclays, realizada em Chicago, é expectável que a GE apresente cash flow negativo nos três primeiros meses do ano, refere a agência Reuters.
16 Fevereiro 2021, 19h59

O gigante GE – General Eletric, que tem sido uma referência industrial nos sectores aeroespacial e da Defesa dos EUA, tem agora uma expectativa muito fraca em relação ao primeiro trimestre de 2021, admitindo-se – segundo indicações dadas pelo seu CEO, Larry Culp, durante uma conferência do Barclays, realizada esta terça-feira, 16 de fevereiro, em Chicago –, que a GE apresente cash flow negativo nos três primeiros meses do ano, refere a agência Reuters.

Note-se que a GE tinha adiantado, no mês passado, uma previsão, para um free cash flow de 2,5 mil milhões a 4,5 mil milhões de dólares para 2021, após ter gerado um fluxo de caixa de 4,4 mil milhões de dólares no último trimestre de 2020.

Os últimos 12 meses têm sido particularmente difíceis para o sector em que opera a GE. Há nove meses, para enfrentar as incertezas que se aproximavam com a pandemia da Covid-19, a GE anunciava que teria de cortar mais de 10 mil empregos no seu sector de aviação, devido ao efeito devastador da pandemia na indústria da aviação, obrigada a cancelar muitas encomendas.

Estes cortes eram propostos em maio de 2020 sob a forma de saídas voluntárias e despedimentos, já depois da GE ter procedido a um corte inicial de 2.600 empregos, logo em Março de 2020. O objetivo da GE foi reduzir em 25% a folha de remunerações no sector da aviação, o que visaria perto de 13 mil trabalhadores.

O sector da aviação foi um dos mais penalizados a partir de janeiro de 2020. A Boeing já tinha anunciado que ia cortar 16 mil empregos, cerca de 10% da sua força de trabalho na área da aviação civil, tendo reduzido a produção dos seus aviões de longo curso, como o 787 e o 777/777X, mantendo incertezas sobre a retoma da produção do 737 MAX, interrompida devido a problemas de segurança.

Na Airbus, a partir do final de abril de 2020, o CEO Guillaume Faury, avisou os trabalhadores que poderia haver novos cortes de produção por causa da pandemia, quando poucas semanas antes tinha decidido suprimir um terço da produção, um nível mínimo de produção que seria mantido pelo menos entre dois a três meses até a Airbus conseguir reavaliar a situação internacional.

Ora, a GE produz motores para a Boeing e para a Airbus e sabia que o tráfego aéreo global ia sofrer uma quebra de 80% no segundo trimestre de 2020. Também os sectores aeroespacial e da Defesa são ficaram à margem da crise mundial.

Também o concorrente Rolls-Royce (RR) vive os mesmos problemas. O grupo industrial RR teve de cortar 9 mil postos de trabalho a partir do primeiro trimestre de 2020, o que correspondia cerca de um quinto da sua força de trabalho, quando anunciou que o seu objetivo visava poupar 1.3 mil milhões de libras, para aguentar a quebra de atividade na maioria das companhias aéreas.

Sedeada em Derby, no Reino Unido, a RR emprega mundialmente perto de 52 mil trabalhadores. Mas, do total dos despedimentos, o maior impacto, com 8.000 postos de trabalho, sentiu-se no segmento aeroespacial. Na altura, o CEO da RR, Warren East, referiu que no sector aeroespacial, dois terços dos trabalhadores da RR estavam no Reino Unido.

Além da quebra de vendas de motores para novos aviões (que deixaram de ser vendidos, ou cujas encomendas foram adiadas para 2023 e 2024) as empresas como a RR sofrem quebras consideráveis na área da manutenção, porque quando as companhias aéreas mantêm parte significativa das suas frotas paradas nos aeroportos não são necessárias manutenções de motores. Tal como a GE, a RR também fabrica motores para aviões da Airbus (para os A330, A340, A350 e para o pouco utilizado A380), e da Boeing (designadamente, para os 777 e 787 Dreamliner).

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