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GEOX – Um farol de inspiração

Em pleno Verão, do ano 1995, o empresário italiano Mario Polegato estava numa convenção em Reno no deserto do Nevada, nos EUA, quando incomodado de transpirar dos pés, decidiu usar um canivete suíço para furar a sola de borracha dos seus sapatos. Constatou assim que isso lhe deu uma sensação de bem-estar. O Sr. Mario […]
29 Dezembro 2015, 21h20

Em pleno Verão, do ano 1995, o empresário italiano Mario Polegato estava numa convenção em Reno no deserto do Nevada, nos EUA, quando incomodado de transpirar dos pés, decidiu usar um canivete suíço para furar a sola de borracha dos seus sapatos. Constatou assim que isso lhe deu uma sensação de bem-estar. O Sr. Mario Polegato não tinha nenhuma ligação à indústria de calçado, era aquilo a que se chama “forasteiro”, não estando preso às convenções nem às regras vigentes decidiu avançar com a criação da startup Geox, para comercializar esta inovação. A Geox deveria ser um farol de inspiração para a industria de calçado portuguesa e não só, afinal, como é que uma empresa com apenas 20 anos fatura hoje mais de metade de toda a indústria de calçado nacional? Para percebermos temos de tentar desmontar o sucesso desta empresa italiana, baseada em 5 fatores principais.

 

  1. A Geox conta uma história

O produto tem uma história intimamente ligada ao fundador da empresa que se identifica com o homem comum, o qual sente uma necessidade e decide resolver o problema, com as suas próprias mãos – há um porquê para aqueles sapatos e produto existirem – dar-nos possibilidade de podermos usar sapatos que deixem os nossos pés respirar.

 

  1. A Geox protege a sua Propriedade Intelectual

A Geox soube patentear mais de 60 tecnologias que estão na base comercial de todos os sapatos que comercializa. A mesma tecnologia que faz um Geox ser um Geox e não um simples sapato, é um fator de diferenciação e uma barreira à entrada de concorrentes. Lado a lado com a patente, verifica-se uma forte proteção da marca Geox, com registos de marca nos territórios alvo, bem como, quase certamente, a contratualização do segredo industrial. As patentes, marcas e contratualização do segredo de negócio aumentam o valor de ativos intangíveis, já enorme, da GEOX.

 

  1. A Geox produz

A Geox é uma empresa de produtos, que assenta numa inovação técnica “o produto é impermeável deixando, ao mesmo tempo, o corpo respirar.” Nenhuma empresa consegue o sucesso da Geox se o principal benefício do produto não funcionar – uma larga maioria de clientes considera que o produto entrega aquilo que promete. A questão tem a ver com escala, a Geox não vende um produto de boutique, vende um produto industrial, vende milhões de pares de sapatos de um número relativamente limitado de modelos, e controla o cadeia de valor da conceção até ao ponto de venda.

 

  1. A Geox alimenta uma comunidade

A Geox tem uma comunidade de utilizadores – nas palavras do seu fundador, depois de se “juntar à família GEOX já não se quer sair” – os produtos são diferentes e únicos, têm carácter, e isso faz com que ninguém lhes seja indiferente. O produto passa a ser motivo de conversa casual entre amigos.

 

  1. A Geox constrói uma marca

A Geox soube construir uma marca em cima de um aspeto técnico “Geox respira.”  A pergunta que se impõe é, será que pode haver uma Geox portuguesa? Claro que pode, mas quantas empresas nacionais de calçado detêm patentes internacionais e as publicitam como o principal ativo nos sapatos que comercializam? Por isso acredito, que tal como em Itália, o empreendedor da startup “Geox à portuguesa” também terá de ser um forasteiro!

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