Arriscaria afirmar que a conciliação de competências técnicas e humanas são um dos últimos (e necessários) gritos na área de gestão de pessoas, equipas e organizações.

Eu próprio grito aos quatro ventos que me parece impossível qualquer colaborador sentir-se realmente parte de algo, sem que a sua identidade, enquanto pessoa, seja respeitada e integrada. Importa, em todo o caso, afirmar que respeitar a identidade é, também, não violar o espaço íntimo/privado de cada um, mas antes dar espaço para que se possa trabalhar e crescer como ser humano e profissional.

Embora seja um tema relativamente corrente para quem trabalha com pessoas, para mim, a ideia de justiça e de aproximação a um ideal igualitário ganhou um significado reforçado ao ouvir uma oradora da área de recursos humanos confrontar-nos com uma simples pergunta: “e se fosse o seu filho ou alguém que muito estima, como gostaria que o tratassem?”

De facto, e colocando de parte quaisquer tópicos de nepotismo, pensar no modo como gostaríamos que um filho ou pessoa que amamos fosse tratada pode, e deve, ser o nosso código de conduta quando tentamos ver e intervir no espaço coletivo, mas que é, primeiramente, do outro individual.

Se nos focarmos neste desafio, e pensando num filho(a) ou em alguém que com grande peso afetivo, a pergunta é: gostaríamos que fosse tratado com desrespeito? Com desonestidade? Que lhe fosse tirado o espaço e oportunidade de ser entendido e tornar-se num elemento cooperante e feliz? Ou que fosse tratado como um número sem narrativa?

Espero que a resposta a todas as questões seja um gigante NÃO, já que dificilmente alguém gostaria de ver subestimada uma pessoa que lhe é cara. O ideal é que cada pessoa seja considerada nas suas múltiplas características, valorizando-a e impulsionando-a a estar num espaço de crescimento e bem-estar laboral. No limite, que seja ajudada a encontrar espaço para entender que talvez faça sentido mover-se e crescer em diferentes contextos laborais.

Assim, é importante que vejamos as múltiplas narrativas/diversidade e os vários mecanismos de conciliação de vida pessoal e profissional como algo que não tem de ser moldado, rejeitado ou percebido como ameaça. Antes, como potencial que nos traz novas competências, atitudes e comportamentos, que nos levam a ver o mundo na sua multidimensionalidade e apto para o bem-estar.