Agressões a jornalistas e falta de segurança levou o Grupo Globo e o jornal Folha de S.Paulo a cancelar a cobertura jornalística junto à residência oficial do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em Brasília.
Todos os dias, apoiantes de Bolsonaro ficam ao lado dos jornalistas, em frente ao Palácio da Alvorada, onde o Presidente brasileiro cumprimenta frequentemente os militantes e presta declarações à imprensa.
Separados apenas por uma grade, os jornalistas têm sido alvo, com cada vez mais frequência, de agressões por parte dos apoiantes do chefe de Estado brasileiro.
Na segunda-feira, após as críticas do Presidente à imprensa, apoiantes de Jair Bolsonaro hostilizaram os profissionais da comunicação social. Os elementos da segurança no local não intervieram.
Face ao ocorrido, o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, o maior conglomerado de media e comunicação do Brasil, transmitiu ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, a decisão de cancelar a cobertura jornalística no Palácio da Alvorada.
“É público que o Presidente da República na saída, e muitas vezes no retorno ao Palácio, desce do carro e dá entrevistas, bem como cumprimenta simpatizantes (…) Entretanto são muitos os insultos e os apupos que os nossos profissionais vêm sofrendo dia a dia por parte dos militantes que ali se encontram, sem qualquer segurança para o trabalho jornalístico. Estas agressões vêm crescendo”, de acordo com o comunicado do Globo.
“Assim, informamos que a partir de hoje [segunda-feira] os nossos repórteres, que têm como incumbência cobrir o Palácio da Alvorada, não mais comparecerão àquele local na parte externa destinada à imprensa. Com a responsabilidade que temos com os nossos colaboradores, e não havendo segurança para o trabalho, tivemos de tomar essa decisão”, concluiu a nota, assinada por Paulo Camargo.
Também o jornal Folha de S.Paulo, um dos de maior circulação do país, comunicou que a cobertura jornalística no local está suspensa até que o Governo garanta a segurança dos profissionais de imprensa.
No ano passado, a imprensa brasileira sofreu uma média diária de 11 mil ataques pelas redes sociais, o que representa sete agressões por minuto, indicou um relatório divulgado em março sobre violações à liberdade de expressão.
O relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) apresentou este ano, pela primeira vez, um capítulo sobre os ataques virtuais que atingem o jornalismo profissional.
O relatório sublinhou que repórteres responsáveis por matérias críticas do Governo do Presidente Jair Bolsonaro tornaram-se alvos de ataques virtuais, promovidos por apoiantes do atual executivo.
Já em janeiro, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) do Brasil responsabilizou Jair Bolsonaro por 58% dos 208 ataques ocorridos em 2019 contra jornalistas e órgãos de comunicação social.
“Sozinho, o Presidente Jair Bolsonaro foi responsável por 58% destes ataques, chegando a 121 casos”, indicou a Fenaj, na apresentação de um relatório sobre o tema.
Desde a campanha eleitoral, que o levou à vitória nas eleições de 2018, Bolsonaro tem mantido um confronto aberto com os principais meios de comunicação social brasileiros, como a TV Globo, o Folha de S.Paulo ou a revista Veja.
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