Assistimos actualmente a um ciclo completamente diferente na gestão da política dos maiores países do Mundo e na governação geopolítica entre os países. Se há muitos anos estávamos habituados a uma gestão muito assente no diálogo, na diplomacia e em constantes avanços e recuos (diga-se muitas vezes inconsequentes e que tudo acaba na mesma), desde a eleição de Donald Trump, parece-me que se abriu um novo ciclo, mais prático, mais directo, mas também mais conflituoso, mais protecionista, em que actualmente se discutem cenários que há uns anos atrás seriam absolutamente impensáveis.
Com efeito, desde que Donald Trump iniciou o seu mandato assistimos a casos peculiares em “catadupa”, como uma guerra de tarifas interminável com a China (que leva a flutuações constantes dos mercados de capitais), uma “birra” quanto à construção de uma muralha com o México que provocou o maior “shutdown” do Governo norte-americano de sempre e levou a que cerca de 800.000 funcionários públicos norte-americanos deixassem de receber salário por 35 dias e mais recentemente a proposta falhada para a compra da Gronelândia à Dinamarca (tendo na sua génese motivos fúteis como a abundância de recursos naturais nesta zona e no facto destes recursos se encontrarem agora mais acessíveis devido ao aquecimento do planeta e ao degelo nesta região).
Estas tomadas de posição impulsivas e por vezes radicais na governação de um dos maiores países do Mundo, ao que parece, tem provocado um efeito de contágio, tendo começado nos Estados Unidos, mas já sendo possível identificar perfis e comportamentos semelhantes em países com o Brasil ou Reino Unido. Recentemente Bolsonaro, com a Amazónia literalmente a arder ao ponto do fumo emanado dos incêndios terem deixado São Paulo (cidade a 3044 quilómetros de distância da Amazónia) em total escuridão no meio do dia, o Presidente do Brasil, desvalorizou o tema e envolveu-se numa polémica com o Presidente da França Emmanuel Macron, devido à sua esposa. Mais tarde, Bolsonaro referiu só aceitar ajuda da França no combate aos incêndios na Amazónia se Macron lhe pedisse desculpa (um caso de um líder mundial com as suas prioridades trocadas). Por outro lado, ainda a semana passada, Boris Johnson (recém eleito Primeiro Ministro do Reino Unido tentou (imagine-se) suspender o Parlamento para “fazer passar” o Brexit, naquilo que seria, na prática, do regresso da ditadura dos tempos modernos, ao se achar que o Parlamento Nacional (onde o povo se encontra representado) é algo desnecessário ou inconveniente.
É caso para perguntar, tá tudo louco na governação mundial?
É igualmente preocupantes pensar na possibilidade de países como a França, Holanda, Áustria seguirem um caminho semelhante, sem falhar sequer na Rússia, que desde 2014 mantém uma guerra acesa com a Ucrânia (que começou com a tomada do território da Crimeia e que se foi expandindo…).
Vivemos em tempos que se afastaram muito da altura em que estadistas como Winston Churchill e Harry Truman trabalharam para assegurar um Mundo seguro e pacífico onde possamos todos coexistir em paz e segurança.
Mas todas estas condutas e posturas acabam por apresentar um padrão comum, correspondem a tomadas de decisão assentes e centradas em egos e ambições pessoais, em detrimento dos interesses e das necessidades dos países que estes líderes mundiais lideram e, acima de tudo, do bem-estar e prosperidade das populações que representam. Temo que o mundo possa caminhar para pior e que cenários há pouco tempo impensáveis, como por exemplo, conflitos à escala mundial, possam ocorrer novamente.
Mas todos nós também mantemos uma palavra a dizer sobre tudo isto, e tudo começa por nós, nos nossos respectivos países, regiões, concelhos e freguesias, nomeadamente garantindo que os eleitos para cargos de governação são pessoas que têm os interesses e as necessidades das populações que representam em primeiro lugar e não são motivadas a se candidatar a este tipo de cargos por uma questão e ego e projectos pessoais de poder.
Enquanto cidadãos, é este o nosso dever e a nossa responsabilidade!
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