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Governo do Irão coloca uma mulher à frente da companhia aérea de bandeira

A Iran Air está em processo de renovação. A tal ponto, que o ministério dos Transportes decidiu colocar uma engenheira aeronáutica no comando da empresa.
13 Julho 2017, 07h20

O ministério dos Transportes do Irão acaba de produzir uma pequena revolução interna: nomeou uma mulher, Farzaneh Sharafbani, para dirigir a companhia aérea nacional, a Iran Air. A nomeação de uma mulher pela primeira vez desde a criação da empresa, na década de 1940, apanhou muita gente de surpresa: não abundam nem no panorama político, nem no do topo das empresas – nomeadamente das estatais.

Farzaneh Sharafbani, de 44 anos, tem um doutorado em Engenharia Aeroespacial e já tinha pertencido ao conselho superior da Iran Air. O anúncio foi feito pelo jornal estatal ‘Iran’ e a surpreendente nomeação foi apresentada como uma das facetas da renovação que está a passar pela empresa. O país está a renovar sua frota de aviões de passageiros, tendo assinado contratos multimilionários com a Boeing e a Airbus (uma norte-americana outra europeia) para comprar dezenas de novos aviões.

Não é apenas a companhia aérea que está a ser alvo de uma renovação também ela social: o governo do presidente Hassan Ruhani (reeleito em Maio passado) tem apostado na moderação como veio político da sua atuação. Ruhani assinou o acordo nuclear com o Ocidente e tem feito uma série de alterações à economia para a colocar na rota dos países da Europa e da América.

Mas, para os analistas, o problema da rigidez social, marcado por uma forte presença da religião muçulmana como modo de vida, é mais difícil de abordar que as grandes questões económicas. Por certo que nenhum iraniano perde tempo a saber se voa num Boeing ou num Airbus, mas o facto de voar numa companhia liderada por uma mulher pode causar, no mínimo, estranheza.

Hassan Ruahani prometeu como parte do seu programa eleitoral alterar – ou ao menos contribuir para alterar – este estado de coisas. E tem-se preocupado em nomear várias mulheres para posições de relevo no país islâmico. Mas as forças de ‘bloqueio’ são numerosas – e insistem para que o país não regresse àquilo que chamam uma inaceitável cópia dos perversos costumes ocidentais, nomeadamente no que tem a ver com o papel da mulher na sociedade.

Recorde-se que o Irão chegou a ser, no período em que o Xá Mohammad Reza Pahlavi comandava o país (entre 1941 e 1979), um dos países mais ocidentalizados do Médio Oriente, desde logo no que tinha a ver com a participação da mulher na sociedade. Mas tudo isso acabou com a revolução islâmica de fevereiro de 1979: a partir daí, a mulher regressou ao recolhimento (social e indumentário) que ainda hoje impera. Até as mulheres estrangeiras que entram no Irão são aconselhadas a abster-se da exposição de muita pele desnuda em ambiente público e a usar uma qualquer cobertura dos cabelos.

 

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