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Governo é o mais otimista sobre crescimento económico para o próximo ano

Governo conta com investimento público para impulsionar a expansão do PIB em 2022, mas instituições nacionais e internacionais estimam crescimento da formação bruta de capital fixo abaixo da previsão das Finanças.
30 Outubro 2021, 12h00

Governo é o mais otimista sobre o crescimento da economia portuguesa no próximo ano, projetando um aumento do investimento e do consumo privado acima das instituições nacionais e internacionais que fazem projeções para a economia portuguesa.

Segundo as projeções do Governo inscritas no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o Executivo conta que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal registe uma expansão de 5,5% no próximo ano, depois de recuperar 4,8% este ano. Uma recuperação que tem lugar depois da quebra histórica de 8,4% no ano passado, devido aos impactos da pandemia. Desta forma, o Ministério das Finanças prevê, assim, que no biénio 2021-22, o país cresça acima de 10%, atingindo já no início de 2022 o nível de PIB que tinha no período pré-pandémico.

Esta projeção compara com as do Fundo Monetário Internacional (FMI) – e, outubro de 2021-, Conselho das Finanças Públicas (CFP) – setembro de 2021- e Comissão Europeia (julho de 2021) que alinham todos numa estimativa de crescimento de 5,1%, enquanto a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) – cuja projeção é a mais antiga, datando de maio – é mais pessimista, vendo a economia a crescer 4,9%. Já o Banco de Portugal ainda não divulgou estimativas para o próximo ano.
A impulsionar o crescimento do PIB português no próximo ano está, segundo o Governo, a aceleração do investimento face a 2021 (mais 2,9 pp), bem como das exportaçõoes (mais 1,2 pp), que se espera que registem um crescimento superior ao das importações. Deste modo, entre os componentes do PIB, as Finanças vêem o consumo privado a recuperar 4,7% em 2022, acima dos 3,7% previsto em abril e que compara com a quebra de 7,1% registada no ano passado; o consumo público cresça 1,8%, acima dos 1,5% previstos em abril e que compara com o aumento de 0,4% de 2020.
O Governo projecta ainda que as exportações de bens e serviços recuperem 10,3% em 2022, enquanto as importações deverão aumentar 8,2%. “O crescimento antecipado para a área do euro para o próximo ano irá refletir-se no crescimento da procura externa, o que irá estimular as exportações de bens e serviços em 2022”, estima, pressupondo o contributo da recuperação do setor do turismo.

Prevê também um crescimento de 8,1% no investimento (FBCF), como resultado “do forte contributo do investimento público, refletindo o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assim como do investimento privado, fruto da melhoria das espectativas relacionadas com a recuperação económica global e o fim das restrições sanitárias”.

A generalidade das componentes do PIB são, assim, mais elevadas que as da generalidade das instituições. Para o consumo privado, o CFP estima um aumento de 4,1% e a OCDE de 4%, já no consumo público o CFP projeta um aumento de 1,7% e a OCDE de 1,3%. No que toca ao investimento, face aos 8,1% estimados pelo Governo, o CFP prevê um aumento de 7,1% e a OCDE de 6,9%. Já para as exportações o intervalo varia entre 14,2% (FMI) e 9,4% (OCDE) e para as importações entre 12% e 7,1%.

No entanto, estas previsões estão sujeitas a riscos. Entre estes, o CFP aponta a nível externo que a situação pandémica assuma “novamente proporções preocupantes na Europa de Leste, na Rússia e também na Grã-Bretanha”.
“Estes desenvolvimentos negativos, se permanecerem e se se alargarem a outras economias, poderão significar um cenário externo menos positivo para a economia portuguesa do que aqueles que têm vindo a ser considerados nas projeções macroeconómicas”, adverte. Paralelamente existem ainda perturbações do lado da oferta, “exógenas à economia portuguesa, mas que a afetam de forma significativa”. “A subida dos preços externos de combustíveis fósseis e de matérias-primas, do custo de transporte e distribuição com impacto negativo na capacidade produtiva interna podem induzir uma maior e persistente subida de preços do que considerado nas mais recentes previsões económicas”, acrescenta.
Também o FMI identificou recentemente riscos à previsão, incluindo o surgimento de novas variantes da Covid resistentes às vacinas disponíveis no mercado ou a persistência de pressões inflacionárias refletindo os custos crescentes e dificuldades no abastecimento.

O Governo também estimou o impacto de riscos, entre os quais a variação da procura interna. De acordo com os cálculos das Finanças, integrados no relatório de proposta do OE2022, um crescimento da procura interna inferior em 0,5 pp ao estimado no cenário base teria um impacto de -0,3 pp no crescimento real do PIB.

“O efeito seria essencialmente resultado de um menor dinamismo no crescimento do consumo, tanto público como privado, parcialmente compensado por uma redução no crescimento das importações”, refere.
Neste sentido, o Executivo assinala ainda que o impacto também se iria refletir “numa recuperação do saldo da balança comercial, e da capacidade de financiamento da economia”.

“Relativamente ao mercado de trabalho, o impacto na taxa de desemprego não seria significativo em 2022, devido ao desfasamento temporal. O impacto no deflator do consumo privado também seria pouco significativo”, acrescenta.

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