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Governo iraquiano convocou embaixador dos EUA para condenar ataque em Bagdad

O Governo iraquiano convocou hoje o embaixador norte-americano em Bagdad para condenar o ataque que matou um general iraniano e o parlamento pediu a expulsão de tropas norte-americanas do Iraque.
Ahmed Saad/Reuters
5 Janeiro 2020, 17h12

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque, Abdulkarim Hashem Mustafa, convocou o embaixador dos EUA em Bagdad, Matthew Tueller, para lhe transmitir a condenação ao ataque aéreo norte-americano em território iraquiano que vitimou o comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani.

Na conversa com o embaixador dos EUA, Mustafa enfatizou que o ataque representa “uma violação flagrante da soberania do Iraque, de todas as normas e leis internacionais que regulam as relações entre os países”, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano.

O vice-ministro afirmou ainda que o ataque violou “as regras acordadas com a coligação internacional, cuja missão se limita a combater o [grupo terrorista] Estado Islâmico e treinar as forças de segurança iraquianas, sob a supervisão do Governo iraquiano”.

Na mesma manhã em que decorreu esta reunião, o parlamento iraquiano aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, em que Washington se compromete a ajudar na luta contra o Estado Islâmico.

A maioria dos 180 deputados presentes no parlamento, na sessão extraordinária de hoje, votou favoravelmente esta resolução, apoiada pelos membros xiitas, que detêm a maioria dos assentos.

Muitos legisladores curdos e sunitas não estiveram presentes na sessão parlamentar, aparentemente por se oporem à abolição do acordo.

A retirada das tropas norte-americanas do Iraque poderia prejudicar a luta contra o Estado Islâmico e permitir o seu ressurgimento, depois de o grupo ter ficado confinado a uma pequena região no interior do país, após anos de combate da coligação internacional liderada pelos EUA.

O general Qassem Soleimani morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdad, e que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.

No mesmo ataque morreu também o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras seis pessoas.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O ataque já suscitou várias reações, levando quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido e China – a alertarem para o inevitável aumento das tensões na região e a pedirem às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.

No Irão, o sentimento é de vingança, com o Presidente e os Guardas da Revolução a garantirem que o país e “outras nações livres da região” vão vingar-se dos Estados Unidos.

Do lado iraquiano, o primeiro-ministro demissionário, Adel Abdel Mahdi, advertiu que este assassínio vai “desencadear uma guerra devastadora no Iraque” e o grande ayatollah Ali al-Sistani, figura principal da política iraquiana, considerou o assassínio de Qassem Soleimani “um ataque injustificado” e “uma violação flagrante da soberania iraquiana”.

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