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Luanda Leaks: Governo nacionaliza 70% do capital da Efacec

A medida foi hoje aprovada em conselho de ministros com o objetivo de salvaguardar 2.500 postos de trabalho devido ao “impasse acionista”. Ao mesmo tempo, o Governo deu início ao processo de reprivatização deste capital. “Não é uma intervenção de caráter duradouro, visa resolver o impasse acionista”, disse hoje o ministro da Economia. Decreto-lei já foi promulgado pelo Presidente da República.
2 Julho 2020, 18h22

O Governo anunciou hoje a nacionalização de mais de 70% do capital da Efacec. A medida foi aprovada hoje em Conselho de Ministros.

“O decreto-lei que procede à nacionalização 71,7% do capital social da Efacec Power Solutions, uma empresa de referência nacional”, disse hoje a ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva disse que esta medida garante a “salvaguarda de cerca de 2.500 postos de trabalho” e a “continuidade da empresa”.

“Esta participação social é detida pela sociedade Winterfell 2, com sede em Malta, e indiretamente controlada por Isabel dos Santos”, disse, por sua vez, o ministro da Economia.

“O Conselho de Ministros (CM) tomou esta decisão porque a Efacec está em situação de grande impasse acionista, na sequência do processo Luanda Leaks, foi decretado o arresto desta participação social”, afirmou Pedro Siza Vieira.

Ao mesmo tempo, o Governo decidiu “iniciar de imediato o processo de reprivatização da empresa. Não é uma intervenção de carater duradouro, visa resolver este impasse acionista”, garantiu o governante, avançando que o decreto-lei já foi promulgado pelo Presidente da República.

“O Governo tem acompanhado de perto os esforços desenvolvidos por bancos credores de Isabel dos Santos e as sociedades em causa para tentar encontrar uma forma de viabilizar a possibilidade das ações serem entregues aos bancos. Tendo se diversificado a impossibilidade, incluindo a indisponibilidade de vontade das partes para concluir este processo em tempo útil, o CM deliberou tomar esta decisão para resolver esta situação de impasse acionista”, acrescentou.

O ministro revelou que houve o “cancelamento de algumas encomendas nas últimas semanas”, com a empresa a sentir já “pressão sobre a tesouraria”.

“Esta situação de impasse acionista e a questão colocada do ponto de vista reputacional levou a empresa a entrar em dificuldades com os seus clientes, os seus fornecedores, e com os seus credores. Sem resolver o impasse acionista mostrava-se difícil assegurar o fluxo de recursos financeiros para retomar a sua atividade”, argumentou.

“O conselho de administração da empresa nos últimos meses iniciou um processo de identificação de potenciais interessados na aquisição desta empresa social indiretamente detida por Isabel dos Santos. Existem neste momento propostas de vários interessados na empresa”, afirmou.

“A intervenção do Estado, decidida com a concordância dos restantes acionistas privados, procura viabilizar a continuidade da empresa, garantindo a estabilidade do seu valor financeiro e operacional, expressa num volume de negócios na ordem dos 400 milhões de euros, e permitindo a salvaguarda dos cerca de 2.500 postos de trabalho que garante, da valia industrial, do conhecimento técnico e da excelência em áreas estratégicas”, diz o Governo no seu comunicado de Conselho de Ministros.

Acionistas minoritários satisfeitos com desbloqueio do impasse

Na sequência da decisão do Governo de nacionalizar a participação da acionista maioritária da Efacec, o Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, na sua qualidade de acionistas minoritários, manifestam a sua satisfação por ter sido encontrada uma solução que permite desbloquear a situação de impasse em que a empresa de encontrava”, consideraram os acionistas, numa declaração escrita enviada à Lusa.

Para a José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, que detêm, em partes iguais, 28% do capital da Efacec, “era urgente” encontrar uma solução para a empresa prosseguir, tendo em conta a sua “importância e relevância” em Portugal, a qualificação dos colaboradores e a necessidade de proteger o interesse de clientes e fornecedores.

Sobre a Efacec, Pedro Siza Vieira disse ainda que a empresa não está “muito endividada”. A 31 de maio, a dívida bancária era de cerca de 80 milhões de euros, tinha uma emissão obrigacionista em dívida de 58 milhões de euros e tem “uma dívida a fornecedores que se agravou nos últimos tempos”. A situação líquida da empresa “é positiva, não tem nível elevado de dívida. Há sim montantes significativos de dívida dos acionistas.”

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