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Governo prepara novas linhas de financiamento às exportações

O secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, que está em Milão na maior feira de calçado do mundo, vai colocar verbas do Portugal 2020 à disposição das empresas para a promoção da presença digital nos mercados internacionais.
20 Setembro 2020, 16h12

O Governo está a preparar novas linhas de financiamento para a promoção da presença digital das empresas portuguesas nas feiras internacionais e desse modo influenciar o rearranque das exportações, que se encontram numa fase de grande dificuldade face à pandemia – que afeta a produção nacional, mas também o consumo dos seus principais mercados.

O secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, disse ao JE que estas novas linhas de financiamento colocarão à disposição das empresas fundos que estão ainda disponíveis no programa Portugal 2020.

A medida surge no quadro da presença de Correia Neves em Milão, na MICAM, a maior feira de calçado do mundo, onde o secretário de Estado está para “apoiar e estimular a presença dos industriais nacionais, numa altura em que “o mercado permanece incerto”, disse ainda ao JE. A MICAM vai permitir “ver o sentimento do mercado” na área específica do calçado – mas com possibilidade de essa observação poder ser entendida para outras áreas.

João Correia Neves recordou ainda que o Governo tem vindo a apoiar as exportações e as empresas através “da tomada de risco” em substituição dos seguros de crédito do mercado privado. O esclareceu que o Ministério da Economia não conta, ao contrário do que pedem algumas associações empresariais, recuperar o lay off simplificado. “A não ser”, disse, “se a economia voltar atrás” – ou seja, se se verificar um confinamento e uma necessidade de as empresas pararem como o que sucedeu em abril. Mas este é um cenário que nem sequer está em cima da mesa: “não podemos voltar a essa situação”.

Na MICAM, que abriu este domingo ao público e encerra na próxima quarta-feira, estão 33 três empresas portuguesas, metade das que integraram a última edição da mostra, que em contexto de pandemia reune cerca de 500 expositores, longe dos 1.600 do passado recente.

O presidente executivo da MICAM, Tomasso Cancellara, considera, citado pela agência Lusa, que “esta edição assumirá um significado particular, pois será uma oportunidade importante para todos restabelecerem laços com o mercado e criarem novas oportunidades, em total segurança”.

De acordo com a organização, quer a MICAM, quer a ‘paralela’ Lineapelle, decorrerão debaixo de bastantes condicionamentos, em especial no que se refere a medidas de higiene e segurança, nomeadamente com o uso obrigatório de máscara, medição da temperatura à entrada e saída dos certames, e limpeza e higienização dos ‘stands’ de expositores várias vezes ao dia.

Pela primeira vez, no espaço da MICAM haverá uma área ocupada pela MIPEL (mostra de artigos de pele e marroquinaria), contando ainda esta edição com o espaço “TheOneMilano Special”, um destaque da MICAM (com moda feminina ‘prêt-à-porter’) em formato original que promete “oferecer novas oportunidades para compradores e visitantes”.

Portugal surge no ‘top’ 20 dos maiores produtores de calçado, um grupo restrito onde, da Europa apenas constam mais Itália e Espanha, num setor em que 87,4% da produção mundial vem da Ásia, respondendo a China por 55,5%.

De acordo com a última edição do World Footwear Yearbook, elaborado pela Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), Portugal recuperou um lugar e assumiu em 2019 a 20.ª posição do ‘top’ 20 dos maiores produtores mundiais do setor, um “grupo restrito” onde, da Europa, “apenas se intrometem” mais a Itália (10.º lugar) e Espanha (17.º).

A presença em certames internacionais insere-se na estratégia promocional definida pela APICCAPS e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com o apoio do Programa Compete 2020, e visa consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos.

Aumentar as exportações, abordar novos mercados, contactar com novos clientes e testar novos produtos são alguns dos objetivos desta ofensiva promocional, no âmbito da prioridade dada à promoção comercial externa pela indústria portuguesa de calçado, que exporta mais de 95% da sua produção.

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