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Governo sem cálculos que justifiquem pagamento de 55 milhões a David Neeleman

Também não existem documentos com serviços prestados pela consultora BCG para o plano de reestruturação da companhia aérea, pelo qual o Estado pagou 12 milhões de euros.
TAP
Reuters
21 Outubro 2024, 08h00

O Ministério das Infraestruturas e Habitação, tutelado por Miguel Pinto Luz, afirma não possuir estudos ou informações que apoiem os cálculos para o pagamento de 55 milhões de euros pagos pelo Estado português ao empresário David Neeleman para este sair da TAP em 2020. A informação é avançada pelo “Eco”, que cita resposta da tutela aos deputados do PSD sobre o relatório de autoria às contas da companhia.

Segundo a publicação, também não existem documentos com serviços prestados pela consultora BCG para o plano de reestruturação da companhia aérea. Os sociais-democratas pediram estudos ou informações de apoio que sustentem o elevado valor pago à Atlantic Gateway por conta do processo de renacionalização, as comunicações entre a tutela de Pedro Nuno Santos, Parpública, TAP SA, TAP SGPS e Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

Na mesma resposta, o Ministério liderado por Pinto Luz diz ainda que a Inspeção-Geral das Finanças não solicitou ao gabinete a documentação relativa aos 12 milhões de euros pagos à consultora BCG para esta elaborar o plano de reestrutura. Mais, a tutela afirma que “não encontrou quaisquer documentos relacionados com serviços prestados pela BCG à TAP”.

Ora, os 55 milhões de euros pagos ao empresário brasileiro-americano serviram para comprar a sua participação de 22,5% a TAP, visando aumentar os direitos económicos do Estado de 45% para 72,5%.

O secretário de Estado do Tesouro entre 2020 e 2022, Miguel Cruz, apontou que o valor pago a David Neeleman foi negociado pelos advogados da Vieira de Almeida, que representavam o Estado. Na Comissão de Inquérito à TAP, Miguel Cruz apontou que os 55 milhões entregues a Neeleman resultaram “de uma negociação que está encaixada entre zero e um valor abaixo de 224 milhões”, uma vez que estas seriam prestações acessórias que o Estado teria de pagar à Atlantic Gateway em caso de nacionalização.

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