[weglot_switcher]

Governo sueco recusa entrada no capital da Northvolt, parceira da Galp na refinaria de lítio em Setúbal

A promotora sueca faz parte do consórcio responsável pelo projeto de refinaria de Setúbal e anunciou um programa de corte de custos perante dificuldades em cumprir vários dos seus objetivos.
16 Setembro 2024, 18h47

O Governo sueco disse esta segunda-feira que não vai entrar no capital da Northvolt e que o futuro da empresa deve ser salvaguardado pelos seus acionistas privados.
“Não existem dúvidas de que estamos comprometidos que a Suécia seja um bom lugar para nova tecnologia que é necessária para a transição energética, mas não é relevante para o Estado sueco entrar e tomar uma posição”, disse hoje o primeiro-ministro Ulf Kristersson em conferência de imprensa citado pela “Reuters”.
“A bola está agora do lado da empresa. Não nos envolvemos no plano de negócios das empresas, mas queremos ser um bom lugar para esta indústria”, acrescentou o governante.
A parceira da Galp no projeto Aurora, a refinaria de lítio em Setúbal, anunciou este mês a suspensão de parte da sua produção na sua gigafábrica em Skelleftea, no norte da Suécia, e que enfrenta vários atrasos nos seus projetos na Alemanha, Canadá e no sul da Suécia.
A empresa co-fundada por Paolo Cerruti (na foto) também anunciou que pretende implementar um programa de corte de custos.
Um dos grandes problemas que enfrenta: como produzir baterias de elevada qualidade em grandes volumes, para ir de encontro aos seus objetivo ambiciosos.
Entre os investidores na companhia encontram-se a Volkswagen, mas também a Blackrock e o Goldman Sachs, no total, a empresa já recebeu 15 mil milhões de dólares de financiamento, em capital e dívida.
A companhia já recebeu encomendas no valor de 50 mil milhões de dólares, incluindo do seu acionista, a Volkswagen.
O seu objetivo não é fácil: tentar ganhar uma fatia do mercado mundial de baterias, que é controlado em 85% pela China. O mercado mundial é controlado pelas chinesas CATL (quota de 37%), a BYD (16%), a coreana LG (14%) e a japonesa Panasonic (7%).
A companhia conta com duas fábricas operacionais: Northvolt Ett na Suécia e Hydrovolt na Noruega. Um projeto foi cancelado: Northvolt Fem na Suécia. Para o projeto Northvolt Dwa na Polónia, a empresa procura parceiros. Já quatro outros projetos ainda estão em desenvolvimento Northvolt Six no Canadá, Northvolt Drei na Alemanha, Novo na Suécia e o projeto Aurora em Portugal.

A companhia conta com duas fábricas operacionais: Northvolt Ett na Suécia e Hydrovolt na Noruega. Um projeto foi cancelado: Northvolt Fem na Suécia. Para o projeto Northvolt Dwa na Polónia, a empresa procura parceiros. Já quatro outros projetos ainda estão em desenvolvimento Northvolt Six no Canadá, Northvolt Drei na Alemanha, Novo na Suécia e o projeto Aurora em Portugal.

“Há um potencial projeto de refinaria de lítio que têm em Portugal que pode ser cancelado ou adiado”, disse o analista Andy Leyland da SC Insights.

Custo da refinaria de lítio de Setúbal quase duplicou para 1.300 milhões

Entretanto, o projeto da refinaria de lítio para Setúbal vai fazendo o seu caminho, apesar de ter visto o seu custo subir de 700 milhões, estimado em 2022, para um valor entre os 1.100 e os 1.300 milhões de euros, tal como noticiou o JE esta segunda-feira.

A Unidade Industrial de Conversão de Lítio (UICLi) está a ser desenvolvida pelo consórcio Aurora Lithium, da Galp e dos suecos da Northvolt.

A entrada em operação está prevista agora para 2028, dois anos mais tarde do que o inicialmente previsto. O projeto ainda aguarda pela decisão final de investimento pelos promotores. Por ano, vai sair daqui o lítio suficiente para equipar as baterias de 650 mil automóveis.

O BEI está a avaliar investir 825 milhões de euros nesta unidade, que será a maior da Europa quando for inaugurada.

O estudo de impacte ambiental (EIA) encontra-se em consulta pública até 24 de outubro.

Em termos de postos de trabalho, o promotor prevê a criação de 357 postos de trabalho diretos e três mil indiretos, “dos quais 70% altamente qualificados, assim como a nível nacional, pela promoção do crescimento sustentado da cadeia de valor das baterias de lítio em Portugal, através da produção de um produto que atualmente não integra a base produtiva do país”, segundo o documento.

Questionada pelo JE, a Galp explica o aumento dos custos e a entrada em operação do projeto em 2028: “O aumento do valor do investimento, atualmente estimado entre 1,1 e 1,3 mil milhões de euros, resulta do reforço da complexidade do projeto devido a um esforço de melhoria de processos de engenharia e de performance nas áreas ambiental –utilização integral de águas residuais, redução de emissões, componente de utilização de energias renováveis, etc. – e económica, e do aumento da sua capacidade das 28 para as 32 mtpa”.

Sobre a data em que podem tomar decisão final sobre o projeto, a companhia portuguesa afirma: “A Galp e a Northvolt continuam empenhadas na execução do projeto Aurora. No entanto, devido à natureza e complexidade do projeto, continuam a ser desenvolvidas ações (incluindo acesso a fundos nacionais ou europeus que nos permitam competir com outros projetos e que ainda não estão garantidos) e os estudos indispensáveis para a tomada de decisão final de investimento. É também determinante termos confiança sobre a data de início de produção de concentrado de espodumena das minas em Portugal”

No EIA pode-se ler que a refinaria tem uma vida útil prevista de 25 anos, com o objetivo de produzir anualmente 32 mil toneladas de hidróxido de lítio monoidratado, “utilizável para a fabricação do cátodo de baterias elétricas e podendo vir a ser usado tanto no mercado nacional como no internacional, estando, por isso, alinhado com a estratégia nacional para a transição energética, por via do seu contributo para o alcance das metas estabelecidas, através da produção de um material que permitirá a substituição gradual de veículos com motores a combustão por veículos elétricos”.

A companhia prevê o uso de lítio extraído em Portugal. “Como principal matéria-prima será usado concentrado de espodumena, obtido a partir de explorações em território português e/ou noutras fontes de minério existentes à escala global. Prevê-se ainda a utilização de sulfato de lítio ou carbonato de lítio, com Li equivalente a 8 t/h de espodumena, como matérias-primas intermédias, com objetivo de otimizar a capacidade de produção”.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.