Ainda não é a prometida saída de bolsa anunciada pelo KKR, mas sim uma descida automática de divisão. A Greenvolt saiu do índice principal da bolsa de Lisboa, passando a negociar no índice geral a partir da sessão de terça-feira.
A Euronext explicou ao JE que a “exclusão da Greenvolt do PSI, com efeito desde hoje, decorre da aplicação das regras, na sequência do resultado da OPA”.
Estas regras ditam que se um “comprador obtiver controlo em mais de 85% das ações da companhia alvo, esta será removida do índice. A remoção terá lugar após o fecho do primeiro dia de negociação completo após a oferta tornar-se condicional”.
“Os membros do mercado e vendors foram naturalmente informados pela normal subscrição de corporate notices do Grupo Euronext”, garantiu fonte oficial da Euronext.
A Greenvolt fechou a sua primeira sessão no índice geral a ganhar 0,87% para 8,090 euros. O volume de papéis a trocar de mãos foi de 58,4 mil na terça-feira, abaixo da média de 91,5 mil dos últimos três meses.
A cotada vale 1,3 mil milhões de euros em bolsa, com uma valorização de mais de 31% no espaço de um ano.
Na sua última sessão no PSI, na segunda-feira, a Greenvolt tombou 3,78%, para 8,02 euros.
O JE questionou a Euronext sobre se a saída da Greenvolt do PSI daria lugar a uma subida de outra empresa. Em resposta, fonte oficial disse que “não há lugar a uma revisão extraordinária pela saída de um constituinte”.
A próxima revisão trimestral será anunciada no dia 11 de dezembro.
A gestora da bolsa de Lisboa recorda que “de acordo com as regras (desde que deixámos de ser PSI 20), não haverá obrigatoriedade de integrar uma nova empresa. Como sempre, serão tornadas constituintes todas as empresas que cumpram os requisitos”, o que pode levar à manutenção do número de empresas ou ao seu aumento.
Na sexta-feira passada, a KKR concluiu a OPA sobre a Greenvolt e ficou com mais de 90% da energética portuguesa, atingindo a meta a que se propunha como condição para retirar a empresa de bolsa.
Desta forma, a KKR fica com 97,7% da Greenvolt, com mais de 159 milhões de ações. A liquidação da oferta terá lugar a 29 de outubro.
Esta OPA incide sobre os 15% da Greenvolt que a KKR ainda não detém. A contrapartida oferecida é de 8,3107 euros por ação, acima dos 8,30 da OPA inicial.
O fundo norte-americano tinha estipulado que, se passasse a deter mais de 90% do capital da Greenvolt através desta OPA obrigatória, iria acionar o mecanismo da OPA potestativa. Objetivo: retirar a companhia da negociação em bolsa. “Caso a Oferente venha a deter 90%, ou mais, dos direitos de voto da Sociedade Visada, a Oferente exercerá o direito de aquisição potestativa previsto no artigo 194.º do Código dos Valores Mobiliários, o que resultará na exclusão das ações da admissão à negociação no Euronext Lisbon”.
O efeito KKR já se faz sentir nos cofres da Greenvolt, com o nome do fundo de investimento norte-americano a abrir as portas da alta finança europeia e asiática à companhia portuguesa.
A Greenvolt financiou-se recentemente em 400 milhões de euros para colocar em marcha o seu ambicioso plano de investimento, que visa a construção de mais de nove gigawatts de grandes centrais de energias renováveis.
O novo financiamento “permite à empresa continuar a crescer. A KKR, além do seu conhecimento, traz sobretudo uma capacidade de acesso”, disse ao JE o CEO João Manso Neto recentemente.
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