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Greve dos motoristas: Petrolíferas antecipam o caos e garantem reforço no abastecimento dos postos

Na última greve, o país foi apanhado desprevenido e “secou”. Agora, as petrolíferas asseguram que vão fazer o possível para limitar os danos.
Carlos Barroso / Lusa
9 Maio 2019, 14h52

O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) já entregou o pré-aviso de greve que começa a 23 de maio por tempo indeterminado. “Não há qualquer fim à vista para a greve, depende das negociações”, afirmou o presidente do SNMMP, Francisco São Bento.

É a segunda greve em menos de um mês. Em abril, a paralisação dos motoristas levou os portugueses a acorrerem em massa aos postos de abastecimento. Em Lisboa chegou a haver filas de quilómetros. Por todo o país, várias bombas foram ficando sem combustível.

Para evitar que este cenário se volte a repetir, a APETRO – Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, garante que os seus associados vão reforçar o abastecimento nos postos. “O reforço é a única medida possível, e com certeza que os associados vão fazê-lo colocando o máximo de produto possível”, explica ao Jornal Económico, João Reis, responsável da APETRO.

Segundo o responsável, o impacto desta greve, se for bem calculado, “será quase nulo na vida das pessoas. Já nos outros agentes, não é bem assim. Na distribuição, por exemplo, o impacto é muito grande e pode ter consequências nefastas”, sublinha, acrescentando que “é expectável que o Governo avance novamente com a requisição civil, para salvaguardar o abastecimento dos dos bombeiros, hospitais, PSP, etc, entidades que fazem muita falta à sociedade”.

Fonte oficial da Repsol disse ao Jornal Económico que o mercado ainda “tem esperança que se consigam resolver as questões pendentes” e que a greve seja desmarcada. “Com o risco de a greve se vir a efetivar, é normal que haja reforço no abastecimento”, salienta. No entanto, se a “situação se agudizar, é expectável que se volte a decretar a crise energética, que define as prioridades de abastecimento”, conclui.

Na última greve, o Governo anunciou a criação de uma rede nacional de 310 postos de combustível destinados a forças de segurança ou serviços de emergência. Estes postos também estavam acessíveis aos cidadãos em geral, mas com um fornecimento limitado a 15 litros por veículo.

Até terça-feira, corriam bem as negociações entre o sindicato dos motoristas e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), tendo nesse dia o sindicato anunciado que as partes tinham chegado a um pré-acordo e estava afastada até ao final do mês a possibilidade de greve.

“Mas a ANTRAM fez um comunicado oficial na sua página onde menciona que o salário teria 700 euros de valor base a assentar nos trâmites em vigor no atual contrato coletivo de trabalho. Não foi isso que ficou em cima da mesa e considerámos que há aqui uma quebra de confiança negocial, e decidimos avançar com a greve”, explicou o presidente do SNMMP.

Fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e da Habitação disse o Governo português vai continuar os esforços para que os motoristas de transporte de matérias perigosas e a ANTRAM se entendam e a greve marcada para dia 23 seja desconvocada.

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