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Greve dos professores

O exercício de reivindicação dos meus direitos, nunca pode ou nunca deveria colocar em causa os direitos dos restantes cidadãos. Dir-me-ão, tal acontece frequentemente. É normal. É a Lei. Pois, mude-se a Lei. Haja coragem política para isso.
15 Junho 2018, 07h15

Nos últimos dias, nos intervalos das notícias do Sporting Club de Portugal, temos sido confrontados com as mais recentes intenções dos nossos professores em realizar um conjunto de greves. Bom, diria que são das poucas coisas em que posso concordar e discordar frontalmente. Concordância porque efetivamente os ajustamentos de carreira foram prometidos pelo Governo da República em exercício. No entanto, isto leva-nos a um exercício de reflexão muito importante. Desde logo, aquilo que eu normalmente gosto de referir que é, até que ponto uma greve de terceiros pode interferir com a nossa vida enquanto cidadãos. Até que ponto é justo, é normal, é aceitável, no limite e em suma, Constitucional, um jovem ficar sem avaliação após um ano de intenso trabalho, sem poder realizar exames finais para tal, porque os professores entenderam que é justo e assertivo lutarem desta forma pelas suas carreiras!!

Isto leva-nos a várias reflexões, mas uma delas tenho a certeza, não é justo, muito menos correto do ponto de vista social. O exercício de reivindicação dos meus direitos, nunca pode ou nunca deveria colocar em causa os direitos dos restantes cidadãos. Dir-me-ão, tal acontece frequentemente. É normal. É a Lei. Pois, mude-se a Lei. Haja coragem política para isso.

Como pode um cidadão ficar sem exames ou consultas médicas, ficar sem transporte público porque nem tem alternativa, ficar sem provas de exame escolar, ficar sem os demais serviços públicos protegidos pelo sindicalismo, resultante da vontade unilateral de um conjunto de pessoas fazer greve, porque entende que é a forma de satisfazer os seus intentos?? Vejamos a função privada, que os sindicatos também gostam de reclamar a sua defesa, mas na prática, o trabalhador privado tem que produzir, tem que ter mérito, tem que crescer para poder progredir na sua carreira. E nunca tem o seu posto de trabalho garantido, porque o mercado é volátil, competitivo. Poderão dizer, bom, não deveria ser assim! E então seria como? Como na função pública? Pagos como? Com que rentabilidade? Com que produção? Julgo ser fácil a mensagem que pretendo aqui deixar, algo que se passa desde o famoso 25 de abril, que entre muitas coisas boas, também criou um elevado nível de desfuncionalidade da nossa sociedade, entre público e privado, alimentando a progressão de carreiras sem mérito, sem avaliações, e toda esta situação foi levada a cabo por todos os Governos da nossa Democracia, com o olhar policial e atento dos nossos líderes sindicais, cuja maioria passa boa parte do seu tempo útil em práticas sindicais, protegidos pela Lei! Sugiro vivamente, criem uma empresa, contratem, produzam, vendam. Se conseguirem, depois falamos sobre progressões automáticas de carreira. Mas atenção, muitos professores merecem, indiscutivelmente, a sua promoção e revisão da sua carreira. A questão que se coloca é, tal como no privado, o Estado que é o patrão, tem condições, que é como quem diz em bom Português, tem dinheiro para tal? Bom trabalho.

 

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