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Greve na véspera de Natal e Ano Novo na MEO, NOS e Vodafone

Constantes alterações de horários, pausas contabilizadas ao segundo e ameaçadas com penalização e remuneração mensal, em regra, fixada no mínimo salarial são algumas das causas apontadas para a greve, segundo a CGTP-IN.
14 Dezembro 2018, 14h40

Os trabalhadores da Manpower, RHmais e de outras empresas prestadoras de serviços nas três grandes operadoras de telecomunicaçõe vão estar em greve nos dias 24 e 31 de dezembro. Segundo a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN), a acção de luta tem por base vários factores de descontentamento como: contratos a termo com uma rotatividade intensa devido à curta duração, condições remuneratórias e laborais. A intersindical sinaliza ainda ausência de diálogo para analisar as reivindicações.

No Porto, na primeira ação de greve, dia 24 de dezembro, entre as 11h e as 12h30, os trabalhadores das três grandes operadoras de telecomunicações para quem prestam serviço, numa atitude de unidade e protesto comum, vão estar concentrados junto ao edifício da NOS, em Campanhã, para publicamente manifestarem o descontentamento que os acompanha há muito tempo e esclarecer a razão de uma greve cujos únicos responsáveis são as suas entidades patronais”, avança a CGTP, em comunicado.

A CGTP realça que as constantes alterações de horários está a causar “manifestas e continuadas dificuldades” à conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar, nalguns casos, diz, “em forma de castigo por discordar ou reclamar um direito”. As críticas recaem ainda “nas pausas contabilizadas ao segundo e ameaçadas com penalização” e sobre o “intenso desgaste para alcançar prémios mensais mas em que os valores são subtraídos sem qualquer justificação ou critério”.

Às queixas dos trabalhadores das empresas prestadoras de serviços na MEO Altice, NOS e Vodafone, junta-se ainda a remuneração mensal que, segundo a CGTP, é em regra, fixada no mínimo salarial, “incompatível com o nível de responsabilidade ligado às funções altamente qualificadas”. E ainda a inexistência de progressão na carreira, rigidez na supervisão, despedimentos “automáticos”.

Para a CGTP são “injustiças acumuladas ao longo de anos a fio”, levando agora os trabalhadores para acções de luta como a greve nos dias 24 e 31 de dezembro. E aponta o dedo a uma das empresas prestadoras de serviços: a Manpower que os trabalhadores acusam de ter “ignorado por completo a derradeira proposta para iniciar um diálogo que permitisse analisar as reivindicações, os anseios, o sentir de profunda injustiça que perpassa pela generalidade dos trabalhadores, que perdura e se vem generalizando há mais de dois anos”.

Segundo a CGTP, atitude de recusa de diálogo social alarga-se a todas as empresas prestadoras de serviços, numa atitude, diz a intersindical, que conta com “a cumplicidade das três grandes operadoras nacionais do ramo das telecomunicações que, em defesa da prestação de serviço com qualidade, esperar-se-ia que tivessem uma posição contrária”. Ou seja, de “exigência e critério sobre as entidades contratualizadas, no que respeita às condições objetivas daqueles que lhes prestam efetivamente o serviço, os trabalhadores”.

A Intersindical acrescenta que os trabalhadores “não aguentam mais” ser tratados como mão de obra indiferenciada e não qualificada, realçando que estão “expostos a todo o tipo de pressões num contexto de abuso absoluto face à fragilidade do vínculo do contrato de trabalho”. Para a CGTP, este este contexto faz despoletar momentos de” grande emoção e revolta”, expressos também nas reuniões plenárias, como aconteceu recentemente nas instalações da Meo Altice, no Porto.

A CGTP considera que as operadoras de telecomunicações deveriam  contribuir “proactiva e positivamente para um melhor serviço e para a solução do conflito”, naquilo que a Intersindical considera que seria o contributo “mais justo e equilibrado para a valorização daqueles trabalhadores que, no exercício das suas funções, na prática são o rosto da MEO, da NOS e da Vodafone” e que, apesar disso, frisa, “ há meses e muitos anos prestam serviço e mantêm vinculo laboral a empresas de trabalho temporário e outsourcing”.

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