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Gronelândia: o turismo aumenta enquanto os icebergues derretem

“Não queremos ser como a Islândia. Não queremos turismo de massa. Queremos sim controlá-lo. Essa é a chave que temos que encontrar”, diz o autarca de Ilulissat, localidade que atraiu 50.000 turistas em 2021, mais de dez vezes a população da cidade.
19 Agosto 2022, 14h29

Enquanto aumenta o turismo para a Groenlândia com pessoas de todo o mundo a querer apreciar os seus icebergs de tirar o fôlego e belezas naturais, as autoridades estão a pensar em maneiras de controlar as multidões para proteger o frágil meio ambiente, já ameaçado pelo aquecimento global, avança a “AFP”.

A localidade de Ilulissat atraiu 50.000 turistas em 2021, mais de dez vezes a população da cidade. Destes, mais da metade faz apenas uma pequena paragem durante um cruzeiro no Ártico.

A procura é em parte justificava pelo degelo do iceberg, que fez com que majestosos blocos de gelo flutuem na Baía de Disko, onde ocasionalmente aparece uma baleia.

“É um destino de sonho”, disse Yves Gleyze, um veterano turista francês de 60 anos assim que chegou ao aeroporto local.

Espera-se que o turismo ainda aumente mais com a abertura de um aeroporto internacional nos próximos dois anos, um impulso bem-vindo às receitas da ilha, mas também um desafio, dado o delicado ecossistema.

Nos últimos 40 anos, o Ártico aqueceu quase quatro vezes mais rápido que o resto do planeta, de acordo com um estudo científico recente.

“Podemos ver mudanças todos os dias causadas pelas alterações climáticas: os icebergs estão a ficar mais pequenos, o iceberg a recuar”, disse o autarca Palle Jeremiassen.

O degelo também ameaça a estabilidade de alguns edifícios e infraestruturas.

Por isso, as autoridades estão determinadas a proteger a paisagem tão cobiçada e valorizada sem afastar os turistas.

“Queremos controlar a chegada de navios de turismo”, disse Jeremiassen, lembrando os riscos das embarcações altamente poluentes. A fim de proteger o meio ambiente e a comunidade, Ilulissat deve receber apenas “um navio no máximo por dia, no máximo mil turistas por navio”.

Recentemente, três navios de cruzeiro chegaram no mesmo dia, totalizando seis mil visitantes.

Jeremiassen disse que a infraestrutura da cidade não é projetada para acomodar tanta gente, nem é capaz de garantir que os turistas respeitem as áreas protegidas.

A vizinha Islândia, onde a indústria do turismo floresce há duas décadas, é um exemplo de como não fazer as coisas, defendeu. “Não queremos ser como a Islândia. Não queremos turismo de massa. Queremos sim controlá-lo. Essa é a chave que temos que encontrar.”

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