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Grupo Sonae investiu 1,2 mil milhões de euros em 2018

O grupo não está preocupado com a entrada da Mercadona no território nacional – “já enfrentámos franceses e alemães”. E, por outro lado, ainda não desistiu de todo do IPO que, em 2018, não conseguiu levar por diante com a Sonae MC.
21 Março 2019, 12h56

Ângelo Paupério, co-CEO do grupo Sonae, disse, no âmbito da apresentação das contas que decorreu esta manhã, que os números agregados do grupo – diferentes do universo de consolidação e que de algum modo representam a totalidade do portefólio – atingiram os 8,2 mil milhões de euros de volume de negócios e um EBITDA é de 1.099 milhões. E foi nesse universo ‘paralelo’, disse ainda, que o grupo investiu em 2018 quase 1,2 mil milhões de euros – bem mais que os 702 milhões vertidos nas contas consolidadas (dos quais 375 milhões como investimento financeiro e 327 milhões como capex operacional).

Singapura, Israel e Espanha foram algumas das geografias que estiveram sob o foco desses investimentos – onde sobressai, disse Ângelo Paupério, a Sonae IM – que se juntam às mais tradicionais (América Latina, Itália e Europa central, por exemplo), por via da Sonae Sierra e da Sonae Sports & Fashion. No final de 2018, o grupo – que tem cerca de 53 mil colaboradores – está diretamente presente em 21 países.

A estrutura de capital “é a adequada, mas continua a ser conservadora: um terço de dívida para mais de dois terços de capital próprio, o que é suficiente para lançar o futuro de forma consolidada”, concluiu Ângelo Paupério – que, como Paulo Azevedo, também co-CEO, estão de saída do controlo do grupo, para dar lugar a Cláudia Azevedo.

Esta mudança levou a que Paulo Azevedo tivesse largado a tradição – mas não de todo: “estive quase a vir de gravata”, mas acabou por não o fazer – tendo-se subtraído a perspetivar o ano de 2019, uma vez que essa será matéria da competência da irmã, que assumirá a liderança do grupo na Assembleia Geral de maio próximo.

Paulo Azevedo ‘refugiou-se’ assim numa espécie de revisão da matéria dada, ou seja, naquilo de que é responsável desde que assumiu a liderança (em 2007). O filho mais novo de Belmiro de Azevedo deixa a liderança com a fatura externa do grupo a valer já mais de mil milhões de euros – sendo esse, como disse, o seu grande desafio de sempre.

“Arriscámos, tentámos coisas novas”, imprimindo ao grupo uma perceção externa bem diversa do que Paulo Azevedo encontrou, e transformando-o num agregado moderno – com os seus ‘tentáculos’ a chegar a setores que não faziam parte do portefólio até ter assumido a liderança. Isto “sem deixar de reforçar os nossos ativos de base”, concentrados naqueles que são os negócios tradicionais do grupo (principalmente o retalho e o retalho especializado). E deixou um exemplo desta ‘mistura’ entre a tradição e a inovação: a Sonae MC (Modelo Continente), responde por 70% do volume de negócios do setor do retalho em geral no que diz respeito às vendas online.

Ângelo Paupério acabaria por referir-se ao IPO da Sonae MC – que por razões de mercado falhou – para dizer que os motivos da desistência da operação fica exclusivamente a dever-se à genérica falta de investimento do mercado, o que levou a que outras operações (a espanhola Cepsa é um exemplo) falhassem igualmente.

Mas o saldo, disse, é positovo: “a empresa ganhou um modelo de funcionamento mais virtuoso”, aquele que foi necessário implementar para organizar o IPO – mas não assumiu que a operação não venha a ser lançada novamente no mercado. “O ativo Sonae MC tal como está tem mais capacidade de ser usado como gerador de valor, mas também como ‘currency’”. Concluiu. “A Sonae não como costume vender barato”, o que explica a retira da operação, disse ainda Paulo Azevedo.

Quanto à entrada da Mercadona no mercado português, a Sonae não está preocupada: “já estamos habituados – entraram no mercado português outros grandes gigantes, franceses no retalho, alemães na tecnologia, que nos vieram desafiar, e soubemos, com respeito, tomar conta deles”, disse Paulo Azevedo sobre a nova operadora espanhola, que se prepara para abir portas em Portugal.

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