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Guarda-freio do elevador acidentado acionou travões

O guarda-freio do elevador que descarrilou acionou os travões automático e manual para tentar suster o movimento de descida, mas essas ações não surtiram efeito e a carruagem continuou em aceleração até se descarrilar 170 metros depois.
epa12350186 Rescuers and firefighters operate at the scene after the Gloria funicular cable railway derailed in Lisbon, Portugal, 03 September 2025. At least three people died in the derailment, with emergency services reporting that several were injured and others are still trapped at the scene. EPA/MIGUEL A. LOPES
6 Setembro 2025, 20h32

O guarda-freio do elevador que descarrilou acionou os travões automático e manual para tentar suster o movimento de descida, mas essas ações não surtiram efeito e a carruagem continuou em aceleração até se descarrilar 170 metros depois.

A Nota Informativa (NI) do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), hoje publicada e a que a Lusa teve acesso, estima que o embate da carruagem do elevador da Glória, em Lisboa, contra um edifício tenha ocorrido a “uma velocidade da ordem dos 60” quilómetros hora e que todo o evento tenha “decorrido num tempo inferior a 50 segundos”.

O GPIAAF refere que o elevador da Glória percorre 276 metros, vence um desnível de 45 metros, com uma inclinação média de 18%, sendo a “sua velocidade máxima de funcionamento” de 11,5 quilómetros hora, levando pouco mais de um minuto a realizar o percurso.

É constituído por dois veículos, designados por “cabinas” e numerados 1 e 2, cada um com cerca de 14 toneladas de tara e capacidade para 42 pessoas, 22 das quais sentadas e as restantes em pé, além do condutor (‘guarda-freio’).

O ascensor da Glória, classificado como monumento nacional, na sua tipologia e configuração atual data de 1914, embora tenha ao longo destes 111 anos sido sujeito a diversas intervenções de conservação e beneficiação, além da manutenção periódica definida para cada momento.

Sobre a fita do tempo do acidente, o GPIAAF conta que, pelas 18:00 de quarta-feira, 03 de setembro, o ascensor encontrava-se com as suas cabinas estacionadas em ambas as estações: a n.º 1 no cimo da Calçada da Glória e a n.º 2 em baixo, junto à Praça dos Restauradores, recebendo passageiros.

A NI adianta que “neste momento da investigação não está ainda inequivocamente determinado qual era o número exato de pessoas em cada veículo, sendo que os guarda-freios controlam a capacidade de acordo com a lotação máxima permitida”.

O GPIAAF conta que “cerca das 18:03, após os normais procedimentos de coordenação entre os respetivos guarda-freios, as cabinas iniciam a sua viagem”.

“Alguns instantes após o início do movimento e quando não teriam percorrido mais de cerca de seis metros, as cabinas perdem subitamente a força de equilíbrio garantida pelo cabo de ligação que as une”, explica este organismo.

Segundo o GPIAAF, “a cabina n.º 2 recua bruscamente, sendo o seu movimento sustido cerca de 10 metros depois pela sua saída parcial além do final da via-férrea e enterramento do trambolho do lado inferior no final da vala do cabo”.

“Já a cabina n.º 1, no cimo da Calçada da Glória, prossegue o seu movimento descendente aumentando a sua velocidade. De imediato, o guarda-freio do veículo acionou o freio pneumático bem como o freio manual a fim de tentar suster o movimento. Essas ações não tiveram efeito em suster ou reduzir a velocidade do veículo e a cabina continuou em aceleração pelo declive”, revela a investigação.

Cerca de 170 metros após o início do seu percurso, no início da curva à direita que o alinhamento da Calçada apresenta na sua parte final, “o veículo, devido à velocidade, descarrila e começa a tombar para a esquerda no sentido da marcha”.

“No entanto, as forças desenvolvidas acabam por arrancar do pavimento e o veículo perde totalmente o guiamento, embatendo lateralmente a parte superior da cabina na parede do edifício existente do lado esquerdo da Calçada, o que iniciou a destruição da caixa de madeira e depois frontalmente contra um poste de iluminação pública e outro de suporte da rede aérea elétrica do ascensor”, lê-se na NI.

O GPIAAF diz que os dois postes, ambos em ferro fundido, “causaram danos muito significativos na caixa”, acrescentando que a cabina terminou “pouco depois o seu movimento descontrolado contra a esquina de um outro edifício”.

“Estima-se, com uma margem de incerteza não negligenciável devido ao desconhecimento de alguns parâmetros, que o primeiro embate tenha ocorrido a uma velocidade da ordem dos 60 km/h, tendo todos estes eventos decorrido num tempo inferior a 50 segundos”, refere a NI.

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