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Guerra de acusações na Global Media

Em audições completamente distintas que decorreram no Parlamento esta terça-feira, Marco Galinha e José Paulo Fafe trocaram acusações no que respeita o passado e presente do Global Media Group.
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
10 Janeiro 2024, 07h30

Podia ser um frente-a-frente parlamentar com a Global Media como palco mediático, mas Marco Galinha foi ouvido de manhã e José Paulo Fafe começou a ser ouvido ao fim da tarde desta terça-feira. No balanço das duas audições, muito distintas, o ex-dono e o atual CEO do Global Media Group (GMG) trocaram acusações como se estivessem em tribunal.

De manhã, o ex-presidente da Comissão Executiva do GMG admitiu estar surpreso e surpreendido com a gestão efetuada pela atual equipa, já nomeada pelo fundo que comprou o grande grupo de media. “Fiquei surpreso com a equipa de gestão que eles escolheram. Fiquei surpreso. Quem falhou aqui foi o fundo, porque havia compromissos e planos assinados”, confessou o empresário perante os deputados presentes na sessão.

Mas as acusações de Marco Galinha foram mais além: a atual administração é a responsável pela crise que está a ser vivida dentro do mais antigo grupo de comunicação social, e que detém títulos como “Diário de Notícias”, “Jornal de Notícias”, “O Jogo” e “TSF”.

“Quem escolheu o Fafe não fui eu, foi o fundo. Fiquei surpreendido? Fiquei. E o fundo também o deve estar, com o momento que o grupo vive. Não percebo como tudo isto aconteceu”, disse. Na mesma audição, pedida pelo Bloco de Esquerda, Marco Galinha deu ainda alguns valores: fossem os 16 milhões investidos entre 2021 e 2023, a “drástica redução” da dívida de 68 milhões para menos de um milhão de euros ou o EBITDA em níveis equilibrados.

Aos deputados, Marco Galinha revelou que o convite de Fafe para a presidência do GMG não veio da sua parte, mas o atual CEO negou. Mais, José Paulo Fafe confirma que Galinha o convidou para o grupo quando se tornou acionista maioritário, em 2021, mas que depois não o aceitou para a posição “porque achou que eu era muito caro”.

No início da sua audição, que esteve para não acontecer, José Paulo Fafe atirou para matar: “Raro é o dia, desde que iniciámos funções há três meses e meio, que não somos surpreendidos por factos, negócios ou procedimentos que denotam a forma leviana e pouco transparente, como este grupo foi gerido ao longo destes últimos anos”.

Fafe adiantou ainda aos deputados que todos os membros da Comissão Executiva, na qual se insere Marco Galinha (apesar de já não ser presidente da mesma) por deter 16% do grupo, aprovaram o plano de reestruturação atualmente em vigor. “A Comissão Executiva a que presido e que é formada por Filipe Nascimento, Paulo Lima de Carvalho e Marco Galinha, iniciou funções a 15 de setembro, há 117 dias, e todas as decisões tomadas pela Comissão Executiva foram aprovadas por unanimidade sem que nas atas desse órgão conste um único voto contra ou nem sequer abstenção”, disse o CEO do GMG.

Com esta acusação, e apesar de Galinha ter deixado a presidência da Comissão em novembro de 2023, José Paulo Fafe quis comprometer as acusações matinais do empresário e acionista do GMG, que soma a presidência do Conselho de Administração.

No mesmo espaço, o ex-jornalista e responsável pelo relançamento do “Tal & Qual”, apontou também o dedo a Proença de Carvalho. Na opinião do CEO, a administração de Proença de Carvalho fez “uma gestão muito pouco transparente, para não dizer danosa”, sendo que esta equipa tinha um CEO que ganhava 500 mil euros ao ano.

José Paulo Fafe adiantou ainda que Proença de Carvalho, presidente do grupo até 2020, devia ser chamado à comissão parlamentar. “Deviam ter chamado uma pessoa. O doutor Proença de Carvalho”, responsável pela a sede do Diário de Notícias (DN) e Jornal de Notícias (JN). “Foi nessa gestão que o produto dessas vendas, esse dinheiro, não foi investido em reestruturação ou pagamento de dívidas, foi torrado”, insistiu o gestor.

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