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Guterres apela à máxima contenção militar da Índia e Paquistão

“O secretário-geral está muito preocupado com as operações militares indianas na Linha de Controlo e na fronteira internacional”, indicou aos jornalistas o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric.
António Guterres
7 Maio 2025, 09h00

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, admitiu hoje estar “muito preocupado” com as operações militares da Índia na fronteira com o Paquistão e apelou à máxima contenção de ambos os países.

“O secretário-geral está muito preocupado com as operações militares indianas na Linha de Controlo e na fronteira internacional”, indicou aos jornalistas o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric.

“O mundo não consegue suportar um confronto militar entre a Índia e o Paquistão”, concluiu, em comunicado.

Na segunda-feira, Guterres já tinha oferecido à Índia e ao Paquistão os seus “bons ofícios ao serviço da paz” e garantiu que as Nações Unidas estavam prontas para apoiar qualquer iniciativa para reduzir as tensões entre os dois países.

“Agora é o momento de máxima contenção e de recuar do abismo. Essa tem sido a minha mensagem no contacto contínuo que tenho mantido com ambos os países”, afirmou o líder na ONU na segunda-feira, numa declaração à imprensa em Nova Iorque.

A Índia realizou ataques contra três zonas do Paquistão, adiantou hoje a televisão estatal paquistanesa, enquanto o Governo indiano disse ter atingido com mísseis “locais terroristas” no país vizinho.

Os mísseis atingiram locais na Caxemira administrada pelo Paquistão e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança citadas pela agência Associated Press (AP), que falaram sob condição de anonimato.

Um dos ataques atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, no Punjab, onde uma criança morreu e uma mulher e um homem ficaram feridos, de acordo com uma autoridade de segurança paquistanesa citada pela AP.

Nova Deli referiu que atacou nove locais que albergam “infraestruturas terroristas” localizados em território paquistanês em retaliação pelo ataque mortal cometido a 22 de abril na Caxemira indiana.

A Índia culpou o Paquistão de apoiar o ataque militante, o que Islamabade negou.

“Recentemente, as forças armadas indianas lançaram a Operação Sindoor, atacando a infraestrutura terrorista no Paquistão (…) a partir da qual foram organizados e direcionados ataques terroristas contra a Índia”, frisou o Governo indiano, num breve comunicado.

O Paquistão lançou ataques de artilharia contra território indiano, adiantou o Exército indiano, após uma série de ataques com mísseis que visaram “infraestruturas terroristas” no território paquistanês, em retaliação pelo ataque de 22 de abril na Caxemira indiana.

“O Paquistão violou mais uma vez o acordo de cessar-fogo ao realizar bombardeamentos de artilharia nos setores de Bhimber Gali e Poonch-Rajauri” na Caxemira indiana, referiu Exército indiano na sua conta na rede social X, acrescentando que tinha “respondido de forma apropriada e calibrada”.

A 22 de abril, vários homens armados mataram a tiro 26 pessoas na cidade turística de Pahalgam, na parte de Caxemira administrada pela Índia, o atentado mais mortífero em mais de 20 anos contra civis nesta região de maioria muçulmana.

Nova Deli acusou imediatamente Islamabad pelo atentado, que não foi reivindicado.

As duas potências nucleares estão desde então em pé de guerra: os respetivos Governos multiplicaram as sanções diplomáticas recíprocas e os cidadãos foram convidados a abandonar até terça-feira o território do país vizinho.

Os dois adversários partilham mais de 2.900 quilómetros de fronteira terrestre.

A parte indiana de Caxemira é palco de uma rebelião separatista iniciada em 1989 que já fez dezenas de milhares de mortos entre rebeldes, soldados indianos e civis.

Os dois países acusam-se mutuamente de apoiar grupos armados do outro lado da fronteira.

Caxemira foi dividida entre a Índia e o Paquistão quando estes se tornaram Estados independentes, em 1947. Mas os dois adversários continuam desde então a reivindicar total soberania sobre a região.

Desde o cessar-fogo que pôs fim à primeira guerra, em 1949, as tropas indianas e paquistanesas têm-se enfrentado ao longo dos 770 quilómetros da LoC que divide Caxemira em duas, desde os picos nevados dos Himalaias até às planícies férteis do Punjab.

A Índia – o país mais populoso do mundo, com 1,4 mil milhões de habitantes – e o Paquistão – com 240 milhões – possuem ambos armas nucleares e Forças Armadas poderosas.

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