Os ataques israelitas no Líbano já provocaram mais de 90 mil deslocados desde o início da semana, anunciou a Organização das Nações Unidas (ONU). A Organização Internacional para as Migrações, que integra a ONU, contabilizou 200 mil deslocados no Líbano desde que o Hezbollah começou a disparar foguetes contra o norte de Israel, provocando a retaliação.
Os ataques desta quarta-feira ceifaram a vida a mais de 50 pessoas e colocaram mais de 220 pessoas feridas na sequência dos ataques em várias localidades. A informação foi avançada pelo ministro da Saúde libanês.
Num dos seus discursos da 79ª Assembleia Geral da ONU, António Guterres admitiu que o “Líbano está à beira do colapso” e que o mundo “não pode deixar que o Líbano se torne em outra Gaza”. Enquanto o secretário-geral da ONU apela a uma resolução do conflito, o presidente norte-americano, Joe Biden, assume que ainda há possibilidade para uma solução diplomática.
Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Líbano sustenta que apenas os Estados Unidos podem colocar pressão em Israel para “desescalar” o conflito armado que se vive há mais de um ano. Na opinião de Abdallah Bou Habib, os Estados Unidos, por serem o aliado mais forte e maior fornecedor de armas a Israel, são o único país que “verdadeiramente podem fazer a diferença no Médio Oriente”.
O exército israelita informou que se encontrava a fazer ataques de “grande escala” no sul do Líbano e Vale do Bekaa, isto depois de terem intercetado um míssil disparado contra Telavive pelo movimento xiita libanês Hezbollah. De facto, o grupo confirmou ter disparado o míssil balístico contra a sede da Mossad, os serviços secretos israelitas.
O chefe das Forças de Defesa de Israel informou o exército de que os militares se devem preparar para uma incursão terrestre no Líbano. A notícia avançada pelo “The Guardian” indica que os ataques aéreos são uma forma de Israel preparar a entrada a pé no Líbano.
“Para o conseguir, estamos a preparar o processo de manobra, o que significa que as vossas botas militares, as vossas botas de manobra, entram em território inimigo, entram em aldeias que o Hezbollah preparou como grandes postos militares avançados”, disse o líder das Forças Armadas.
O objetivo, adiantou o mesmo responsável, é guiar os residentes do norte em segurança até às suas casas.
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Na terça-feira, o subsecretário-geral da ONU, Jorge Moreira da Silva, já tinha alertado para que o mundo tinha de tomar pulso da situação que se vive no Líbano para não acontecer “uma nova Gaza”. Em entrevista à RTP3, o antigo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia no Governo de Pedro Passos Coelho adiantou que “não podemos ter no Líbano uma nova Gaza”.
Jorge Moreira da Silva indica que os ataques levam a “desigualdades, impunidade e incerteza”.
O ex-governante aproveitou ainda o espaço de entrevista para deixar críticas a Israel: “Mesmo em contexto de guerra, existem regras”, pedindo para as “regras do direito internacional” serem respeitadas, ao mesmo tempo que apelou a um cessar-fogo.