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“Há aqui um efeito de ‘tempestade perfeita’”: BCP tombou quase 8% em semana de bons resultados

A subida do lucro no segundo trimestre, para 485,3 milhões não convenceu os investidores, ao mesmo tempo que as perdas do sector noutras latitudes levaram o BCP para as negociações no ‘vermelho’. Pedro Lino, CEO da Optimize e Filipe Garcia, presidente da IMF, deram ao JE a sua perspectiva sobre o que se está a passar nos mercados.
2 Agosto 2024, 19h36

As ações do BCP desvalorizaram 7,83% durante esta semana, até aos 35,78 cêntimos, para mínimos de um mês, que se seguiram à apresentação de resultados.

O banco apresentou os resultados do segundo trimestre na passada quarta-feira, tendo reportado um lucro na ordem de 485,3 milhões de euros no segundo trimestre, que corresponde a uma subida homóloga de 14,7%, mas nem isso convenceu os mercados. É que, nos dois dias seguintes, a cotação de mercado do BCP registou descidas fortes, que a deixaram em mínimos do dia 3 de julho.

Depois de a trajetória ter sido ascendente durante o mês de julho, imperou a estabilidade na segunda metade do mês. No entanto, em apenas dois dias, as ações perderam os ganhos que vinham do início de julho. Só esta sexta sexta-feira, a cotação de mercado do BCP caiu 4,76%, adensando as perdas semanais, que assim atingiram os 7,83%.

Ora, além dos resultados, há outro fator que pode ter pesado nesta mexida. Trata-se das perdas que se observaram noutras cotadas do sector bancário, nomeadamente algumas de grande peso. Só esta sexta-feira, foi o caso do britânico Barclays, que perdeu acima de 6%, assim como do alemão Deutsche Bank, que caiu mais de 5%, enquanto o francês Crédito Agrícola derrapou para além de 5% e o espanhol Santander recuou quase 5%.

Outro aspeto que mexeu com a banca nacional esta semana prende-se com o caso do “cartel da banca”, que deu origem a um processo da Autoridade da Concorrência (AdC), que foi apoiado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE). De recordar que o CEO do BCP, Miguel Maya, em respostas aos jornalistas após a apresentação de contas, negou que tenha existido qualquer infração.

Efeito “tempestade perfeita” no sector da banca

O analista Pedro Lino, CEO da Optimize, destaca ao JE que o comportamento dos mercados pode estar a mostrar alguns sinais de recessão e que isso é sempre uma má notícia tendo em conta a possibilidade de diminuição do volume de crédito.

“No sector da banca, a perspectiva de uma recessão nunca é um bom sinal para os mercados porque o volume de crédito costuma diminuir”, começa por referir este especialista.

“Apesar de no caso do BCP os resultados terem sido bons, é visível que as ações do banco estão a acompanhar o desenrolar do sector financeiro seja pela queda dos bancos espanhóis seja pela divulgação dos resultados do Societé General que caiu 10%. Diria que há aqui um efeito de “tempestade perfeita”, em que muitos fatores se estão a conjugar e estão a ditar uma correção muito forte que acaba por ser amplificada por uma liquidez mais reduzida nestes meses de verão”, desta Pedro Lino.

Filipe Garcia, presidente da IMF- Informação de Mercados Financeiros, também deu a sua perspetiva ao JE, apesar de advertir que a IMF não costuma fazer análise relativamente à análise ao desempenho de ações nacionais. Na componente mais macro, Filipe Garcia adianta que as quedas registadas pelo BCP “estão linha e até ficam aquém do que é o índice dos bancos europeus” e assim “não podemos dissociar a evolução do BCP nos últimos dois dias do que foi o comportamento dos seus pares”.

“Temos aqui um movimento mais relacionado com o mercado como um todo. O que se consegue notar é que há aqui uma certa estabilização depois de alguma aceleração de resultados. Não podemos deixar de notar o incremento nos custos operacionais. No entanto, reitero que tem muito mais a ver com aspetos de mercado do que com o BCP propriamente dito”, conclui Filipe Garcia.

 

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