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Há menos milionários na Europa, América do Sul e Médio Oriente e mais na América no Norte em 2024

O World Wealth Report 2025 do Research Institute da Capgemini revela que o número de milionários HNWIs – Ultra-High-Net-Worth (particulares com elevado património líquido) em todo o mundo aumentou 2,6% em 2024.
11 Junho 2025, 13h25

O número de milionários na Europa e no Médio Oriente diminuiu em 2024 e aumentou na América do Norte, segundo World Wealth Report 2025 da Capgemini.

O World Wealth Report 2025 do Research Institute da Capgemini revela que o número de milionários HNWIs – Ultra-High-Net-Worth (particulares com elevado património líquido) em todo o mundo aumentou 2,6% em 2024.

Naquela que é a sua 29.ª edição, o estudo revela que este crescimento foi impulsionado pela subida do número multimilionários (UHNWI – ultra-high-net-worth individuals), que cresceu 6,2%, graças ao desempenho dos mercados bolsistas e do otimismo gerado em torno da IA, refletidos num forte incremento da rentabilidade das carteiras de investimento.

O estudo mostra igualmente que os investimentos alternativos, como as private equity e as criptomoedas, representam agora 15% dos portfólios dos HNWIs.

As pessoas ricas são frequentemente divididas em duas categorias: aqueles com elevado património líquido, que possuem pelo menos 1 milhão de dólares em ativos líquidos, e os com património líquido ultra-elevado, que possuem 30 milhões de dólares ou mais.

Desempenho positivo do mercado bolsista nos EUA impulsionou criação de riqueza

O ambiente favorável das taxas de juro conjugado com o forte desempenho do mercado bolsista norte-americano contribuíram para a criação de mais riqueza em 2024. A América do Norte registou os maiores rácios de crescimento, com a população de HNWIs a crescer 7,3%. Em comparação, a Europa, a América Latina e o Médio Oriente registaram quebras devido aos desafios macroeconómicos que experimentaram neste período.

Segundo a Capgemini, no final de 2024, a população de HNWIs na Europa registou um decréscimo de 2,1%, devido à estagnação económica registada nos principais países. O Reino Unido, a França e a Alemanha perderam 14.000, 21.000 e 41.000 milionários, respetivamente. No entanto, a população de UHNWs na Europa aumentou 3,5%, refletindo uma maior concentração da riqueza.

Já a população HNWIs na Ásia-Pacífico aumentou 2,7%, com grande variabilidade entre os vários países da região.

Por sua vez, a América Latina sofreu uma quebra de 8,5%, devido à desvalorização cambial e à instabilidade fiscal vividas ao longo do ano. O Brasil e o México registaram as maiores descidas, -13,3% e -13,5% respetivamente.

Quando olhamos para o Médio Oriente registou uma diminuição de 2,1% no número de HNWIs, devido à queda dos preços do petróleo.

Os EUA destacaram-se dentro dos maiores mercados com mais 562.000 milionários, tendo registado um crescimento de 7,6%, e atingido uma população total de 7,9 milhões.

Na Ásia-Pacífico, a Índia e o Japão tiveram ambos um aumento de 5,6%, com mais 20.000 e 210.000 milionários, respetivamente. A China, por outro lado, teve uma quebra de 1,0%.

A Capgemini revela que a nova geração de HNWIs procura empresas de gestão de patrimónios alinhadas com as suas prioridades de investimento.

“As empresas de gestão de patrimónios estão a preparar-se para uma nova era dominada pela transferência das fortunas, que se estima venha a ascender aos 83,5 biliões de dólares nos próximos 20 anos, criando uma geração de novos milionários”, refere o estudo que indica que esta transferência ocorrerá em três fases, numa primeira fase 30% dos HNWIs herdarão as suas fortunas até 2030; na segunda fase 63%  herdarão até 2035; e 84% herdarão até 2040.

“Esta grande transferência dos patrimónios será um momento determinante para o setor”, conclui o relatório.

Apesar do crescimento global que as fortunas têm registado, 81% dos herdeiros revelaram no estudo que planeiam mudar de empresa de gestão de património no prazo de um a dois anos após receberem a herança.

“Perder estes clientes insatisfeitos representa um risco significativo para o setor”, afirmou Kartik Ramakrishnan, CEO da Financial Services Strategic Business Unit da Capgemini e Executive Board Member do Grupo, sublinhando que “a nova geração de HNWIs tem expectativas muito diferentes das dos seus predecessores”.

“É necessário que o setor abandone as estratégias tradicionais para satisfazer as novas necessidades destes clientes. As empresas de gestão de patrimónios/fortunas devem também dotar os seus consultores com os recursos e as competências digitais necessárias, possivelmente suportadas por IA generativa ou IA agêntica, para mitigarem o risco de perder clientes e colaboradores”, acrescenta Kartik Ramakrishnan.

Em janeiro de 2025, os HNWIs tinham 15% dos seus portfólios investidos em ativos alternativos, incluindo as private equity e as criptomoedas. “Um facto que denota que esta nova geração está disposta a assumir mais riscos para aumentar as suas fortunas – 61% dos milionários das Gerações Millenial e Z focam os seus investimentos em classes de ativos com maior potencial de crescimento e em produtos de nicho”, segundo a Capgemini.

Empresas de gestão de patrimónios precisam reinventar-se para atrair a nova geração de milionários

O estudo destaca igualmente quais as áreas onde as empresas de gestão de patrimónios devem inovar. Ao todo, 88% dos consultores revelam que há um maior interesse por fundos de private equity e criptomoedas por parte dos jovens HNWIs e por comparação com os baby boomers.

Os novos centros de depósitos de ativos no estrangeiro são outra tendência, pois 50%consideram que a falta de presença registada nos grandes centros emergentes (Singapura, Hong Kong, EAU e Arábia Saudita) vai levar os clientes a procurarem alternativas.

Os serviços personalizados também têm um papel, defende o estudo. Os serviços de conciergerie (viagens de luxo, cuidados médicos e proteção contra ciberameaças) são os mais valorizados, revela a consultora.

As interações digitais estão na lista. As plataformas digitais com visão holística do cliente e insights acionáveis são vistas como a funcionalidade mais importante, seguidas da automatização inteligente das tarefas operacionais.

O estudo conclui que a falta de apoio aumenta o risco de consultores mudarem de empresa. “Um em cada três consultores está insatisfeito com a falta de recursos digitais existente nas suas empresas, o que consideram que prejudica a sua produtividade e cria um fosso tecnológico”.

“Além disso, 62% dos HNWIs da nova geração afirmam que seguiriam o seu consultor se este mudasse de empresa. Estes aspetos refletem-se diretamente nos níveis de fidelização, num ambiente onde os consultores se debatem para se relacionarem com estes clientes nativos digitais”, acrescenta a Capgemini.

A escassez de talento deverá também vir a afetar o setor já que um em cada quatro consultores planeia mudar de empresa nos próximos 12 meses, e 20% deverão reformar-se até 2035 (48% até 2040).

A Capgemini conclui que a indústria da gestão de patrimónios “precisa de reinventar os seus produtos, com opções de investimento personalizadas para os HNWIs da nova geração”. As empresas devem oferecer aos seus consultores experiências digitais intuitivas em todos os canais, conclui o estudo World Wealth Report 2025: Sailing through the Great Wealth Transfer.

O World Wealth Report 2025 abrange 71 países, representando mais de 98% do rendimento nacional bruto global e 99% da capitalização bolsista mundial.

O 2025 Global HNW Insights Survey da Capgemini inquiriu 6.472 pessoas com elevado património (HNWIs), incluindo 5.473 da próxima geração de HNWIs, em quatro regiões: Américas, Europa, Ásia-Pacífico e Médio Oriente.

O 2025 Wealth Management Executive Survey é constituído por 141 respostas de 10 mercados, incluindo as de representantes de empresas exclusivamente dedicadas à gestão de patrimónios, bancos universais, corretoras independentes e family offices. “O 2025 Relationship Manager Survey foi realizado pela Phronesis Partners e contém 1.306 respostas provenientes de 12 mercados”, lê-se no comunicado.

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