A inteligência artificial (IA), como tema recorrente da discussão pública, não ficou de fora da conferência de aniversário do Jornal Económico (JE), que convidou vários especialistas para abordarem as oportunidades e desafios que a tecnologia trouxe aos respetivos setores.
Na corrida global pela IA, expressão com a qual Francesco Costigliola, chief analytics officer da Caixa Geral de Depósitos (CGD), pouco simpatiza, o ponto de partida não é igual para todos – “e nem todos chegam ao mesmo sítio”. “Cada um tem de avançar no ponto de partida em que está”, refletiu. Ao mesmo tempo, olha para a IA como um “comboio que não podemos perder”.
A Visa, que usa inteligência artificial há mais de 30 anos, está “num caminho muito estável na IA”, nomeadamente na prevenção de fraude. Rita Mendes Coelho, country manager da multinacional de pagamentos em Portugal, abordou o próximo capítulo da tecnologia: “caminhamos para uma era de agentes de IA”.
“Quando falamos de agentes de IA, falamos de tarefas repetitivas que temos no dia a dia” e nas quais a IA pode ajudar”, explicou. E já “num futuro muito próximo”. Outubro ou novembro, revelou.
Quanto a receios dos consumidores perante uma possível perda de controlo sobre o dinheiro, Rita Mendes Coelho assegura que “o consentimento vem sempre do lado do cliente”. Da banca e dos serviços financeiros para os transportes, Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), a IA apresenta-se como um veículo para a otimização dos serviços e, assim, melhor corresponder “às expectativas das pessoas”.
“Atribuímos todos aos transportes o papel de melhorar a nossa qualidade de vida em cidades que têm cada vez mais gente, e que consigam mitigar os nossos problemas quotidianos, de funcionamento da economia e das cidades, e a IA e os desafios da tecnologia contribuem decisivamente para isso”, analisou.
Ainda segundo Rui Lopo, a IA é “uma oportunidade enorme de melhoria da performance e da otimização de recursos” naquele que é um setor marcado por “uma mão de obra intensiva, com gastos de combustível intensivos e energeticamente bastante exigente”.
Por sua vez, Catarina Mascarenhas, consultora da Abreu Advogados, defendeu a regulação como “impulsionadora” no setor digital, afastando as teses de que é um obstáculo. Contudo, não esconde a necessidade de se apostar na “simplificação e melhoria dos processos”.
“A certeza e a previsibilidade da regulação europeia devem dar segurança ao investimento e promover uma atividade empresarial dentro dos moldes, que permita uma gestão mais eficiente”, analisou.
Comentando o cenário regulatório comunitário, Catarina Mascarenhas referiu que o “papel que a UE tem na defesa dos direitos dos cidadãos, reforço da democracia e salvaguarda dos direitos fundamentais, é único”.
“E isso aplica-se, naturalmente, também ao meio digital. Não acho que a regulação seja um entrave à competitividade ou à inovação. Porque existe aquela ideia também de existência de uma relação de causalidade entre a regulação no setor digital e a ausência de empresas europeias líderes de tecnologia”, acrescentou.
A completar o painel, João Serrano, CX product management leader da Cisco, salientou que as empresas têm na inteligência artificial “uma oportunidade”. “Há uma janela para se adaptarem a este conhecimento. Aproveitem-na, brilhem com ela, testem-na, aumentem a produtividade”, afirmou. Isto porque, alertou, “daqui a dois anos a janela vai ser menor”. Além disso, João Serrano aproveitou a sua intervenção no painel para deixar um conselho aos líderes empresariais.
“Incentivem a utilização desta tecnologia, uma vez que, para esta tecnologia funcionar, é necessária confiança”, afirmou o CX product management leader da tecnológica norte-americana.
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