A BlackRock publicou um relatório em que propõe uma estratégia para combater a próxima desaceleração económica. Num contexto em que as ferramentas tradicionais dos bancos centrais e dos governos são limitadas ou ineficientes, a solução passaria por criar (ainda mais) dinheiro do nada.
O relatório defende que serão necessárias políticas sem precedentes para responder à próxima recessão. Os autores do relatório são alguns “notáveis”, como Stanley Fisher e Philipp Hildebrand, que estiveram ligados a bancos centrais ao mais alto nível. É um daqueles casos em que “o mensageiro importa”.
Propõe-se assumir a coordenação formal entre a política fiscal e política monetária, ou seja, entre os bancos centrais e os governos. Prevê-se, numa primeira fase, a criação de uma “facilidade fiscal financiada monetariamente”, na qual os bancos centrais emitem moeda para que seja gasta pelos governos, usando os canais tradicionais. Ou seja, seria apenas formalizar o que já vai acontecendo atualmente.
Mas se isso não for suficiente, os bancos centrais deverão fazer o que os autores chamam de “going direct”, que significa colocar dinheiro nas mãos dos governos e dos privados para que o gastem. É uma versão do “helicopter money” de Friedman e Bernanke e que na prática constituiria a monetização das dívidas soberanas e o bypass total à necessidade de geração de poupança, pública ou privada.
Segundo os autores, a ideia diverge da “Modern Monetary Theory” porque tem associada uma estratégia de saída, ou pelo menos é assim que concebem o plano. Os mecanismos teriam caráter de emergência e seriam abandonados quando a situação melhorasse – um pressuposto muito otimista, no mínimo.