O epidemiologista Henrique de Barros realçou que o aumento dos casos de Covid-19 nos primeiros dias de janeiro ocorreu na mesma altura em Portugal e nos restantes países da União Europeia e Reino Unido, tal como de forma semelhante nos Estados Unidos, na América Central e América do Sul, em África, na Ásia e mesmo na Oceania. Numa apresentação sobre “Momentos Críticos para Atuar”, que realizou por videoconferência a partir do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto na XVI apresentação da Situação Epidemiológica da Covid-19 em Portugal, o professor universitário e investigador analisou as respostas à pandemia nos seus piores momentos, alertando para aquilo a que chamou “explicações excessivamente rápidas”.
Referindo-se a indicadores como a taxa de transmissibilidade do SARS-CoV-2, popularmente conhecida por Rt, Henrique de Barros considerou que o seu valor é o “menos interessante de todos”, sendo bastante mais importante nas fases iniciais da pandemia do que em fase de disseminação comunitária. Preferiu, por isso, realçar o decréscimo muito rápido nas infeções, destacando-se que “não é por diminuirmos os testes que está a diminuir a infeção”, visto que estes continuam a ser feitos a um ritmo mais acelerado do que o da deteção de novos casos.
Analisando as condições em que os países da União Europeia tomaram decisões como o impedimento de reuniões com mais de 50 pessoas, o encerramento de cafés e restaurantes, a interrupção do ensino presencial no secundários e universidade e a interrupção do ensino presencial nas creches e ensino primário, Henrique de Barros disse que “existe uma relação razoável, embora não perfeita, entre a redução da mobilidade e a redução do número de casos” na União Europeia. E destacou que os vários países tomaram medidas “com valores de incidência muito diversos”, havendo casos de medidas mais extremas perante crescimentos mais lentos.
Entre as lições a aprender no combate à pandemia encontram-se o impacto das medidas não-farmacológicas no curso da pandemia e a certeza de que a incidência da Covid-19, o número de internamentos e as taxas de crescimento explicam o passado e fornecem um quadro racional para a tomada de decisões políticas”.
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