Pela primeira vez na história, o juro das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos negociou esta quinta-feira a juros negativos no mercado secundário, ao tocar os -0,01%.
Os juros da dívida portuguesa têm vindo a renovar mínimos históricos nas últimas semanas, mas as notícias positivas sobre a vacina levaram os juros dos países da periferia a subir ligeiramente. Porém, esta semana voltaram à trajetória descendente e atingiram hoje um recorde.
Acompanhando a tendência de queda na zona euro, o juro da dívida soberana caiu esta quinta-feira de manhã para 0,003%, um novo mínimo histórico, mas desceu ainda mais e por momentos tocou juros negativos, onde se encontram já todas a maturidades até e incluindo a de nove anos, estando agora a negociar em 0,007%.
Apesar da crise provocada pela pandemia, a ação do Banco Central Europeu (BCE) tem beneficiado o custo da dívida portuguesa.
No mercado primário, o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública emitiu em outubro, pela primeira vez, dívida a oito anos com uma taxa negativa (-0,085%). Antes disso só tinha conseguido cobrar para pedir emprestado a seis anos, em leilões em janeiro e julho.
A descida das yields da zona euro foi acelerada pela comunicação do BCE após a reunião de 29 de outubro, quando Christine Lagarde afirmou que o banco central irá “recalibrar” todos os instrumentos, incluindo os programas de compra de ativos.
Questionada a 13 de novembro sobre se essas novidades estão já incorporadas no preço da dívida, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, respondeu ao Jornal Económico de forma minimalista, mas clara: “os preços no mercado tendem a refletir toda a informação disponível ao público em geral”.
(Em atualização)
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