Com cerca de 90% dos votos já contados, a Holanda já sabe que vai contar com um novo governo de coligação entre o ‘eterno’ primeiro-ministro Mark Rutte – que segundo a imprensa do país já está a desenvolver contactos com potenciais parceiros – apesar de a posição do seu partido, o VVD (Partido Popular para a Liberdade e Democracia), ter sido revista em baixa nas últimas horas: conseguirá 35 lugares (em 150) e não os 36 que parecia ter capacidade de alcançar às primeiras horas depois do fecho das urnas.
Importante é também o reforço da votação nos liberais progressistas (de centro) do D66 – que também tinham lugar na coligação do governo: tendo 19 lugares no parlamento, podem passar a ter agora 27, o que os coloca definitivamente na linha da nova coligação que irá dirigir o país no futuro próximo.
O Partido pela Liberdade (PVV), formação populista, nacionalista e de extrema-direita fundada em 2006 por Geert Wilders após a sua saída do VVD e que contava com 20 lugares no parlamento, deixou de ser o segundo maior partido ficando-se pelos 17 deputados. Mas isto não quer dizer que a extrema-direita esteja a perder força na Holanda: outra formação da mesma área política do PVV, o Fórum pela Democracia, terá conseguido eleger oito deputados, quando em 2017 elegera apenas dois.
Em quarto lugar está o partido democrata-cristão CDA, que teve uma queda eleitoral assinalável: dos 19 deputados que conseguiu eleger em 2017 vai agora ficar com apenas 14.
Mas os grandes derrotados da noite eleitoral são os partidos da esquerda: o Partido Trabalhista (PvdA) continua com nove deputados, enquanto o partido ecologista GreenLeft e os socialistas-comunistas terão elegido apenas oito deputados cada um, em vez dos 14 deputados que cada partido assegurava na composição parlamentar saída de 2017.
Os analistas são unânimes em considerar que a direita liberal não sofreu grande desgaste nem pelos anos de governação que acumula – Rutte é primeiro-ministro desde 2010 – nem com os avatares pouco esclarecidos do anterior governo. Rutte – conhecido em alguns países como o ‘Dr. Não’ (pela sua sistemática recusa em aceitar o auxílio da União Europeia aos países do sul da Europa) tem todas as condições para formar o novo governo.
“Os eleitores nos Países Baixos deram ao meu partido um voto de confiança esmagador”, disse o futuro primeiro-ministro já depois de saber que havia vencido as eleições. “Tenho energia para mais dez anos” no governo, explicou – o que o colocam na linha da frente dos grandes desafios do país: a colocação no terreno dos fundos de recuperação da pandemia e a gestão de uma aparente cada vez mais divórcio entre a população holandesa e o seu regime monárquico. Refira-se que a Holanda é um regime com duas câmaras, sendo as eleições desta quarta-feira referentes à câmara baixa.
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