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Homem forte de Trump para a energia visita Sines em momento crucial para hub energético português

Um dos principais projetos previstos para Sines é a construção da central de produção de hidrogénio verde. Mas a cidade enfrenta desafios, como o encerramento da central a carvão.
12 Fevereiro 2020, 08h13

Dan Brouillette, secretário da Energia norte-americano, vai visitar esta quarta-feira, 12 de fevereiro, no porto de Sines os terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL) e o de Contentores – Terminal XXI.

A visita vai ser acompanhada pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e pelo secretário de Estado Adjunto e das Telecomunicações, Alberto Souto de Miranda, e acontece num momento crucial para o principal centro energético em Portugal, que conta com o terminal de gás natural da REN, a refinaria da Galp, o complexo petroquímico da Repsol e a central de eletricidade a carvão da EDP.

Produzir hidrogénio verde para exportar para o norte da Europa

Uma das principais alterações anunciadas para Sines é a construção de central de produção de hidrogénio verde. Este projeto tem um custo estimado de 3,5 mil milhões de euros e a sua operação poderá arrancar em 2025.

O promotor do projeto é a Resilient Ventures, liderada pelo holandês Marc Rechter, que reside em Portugal há vários anos. Os próximos passos passam por fechar financiamentos públicos e privados, incluindo apoios europeus em Bruxelas.

“Queremos posicionar Sines como o centro principal de hidrogénio do sul da Europa. Queremos apresentar o projeto [na Comissão Europeia] o mais rapidamente possível”, disse Marc Rechter em entrevista ao Jornal Económico no dia 7 de fevereiro.

O projeto prevê a construção de uma fábrica de electrolisadores em escala industrial, outra fábrica para produzir painéis solares fotovoltaicos, uma central solar e uma central de hidrogénio verde.

O objetivo é produzir hidrogénio verde em Sines, a partir de energia renovável, para depois ser transportado em estado gasoso para o norte da Europa. E para que serve este hidrogénio? “É usado nas refinarias, nas indústrias do aço, cimenteira, farmacêutica, de vidro, fertilizantes”, explicou Marc Rechter, apontando que estes setores usam atualmente hidrogénio cinzento e que estão a procurar alternativas menos poluentes.

Sines já não vai ser uma das portas de entrada de gás na Europa 
Sines foi apontada durante muitos anos como uma porta de entrada de gás natural na Europa para servir de alternativa ao gás natural russo. A importância de existirem alternativas ao gás vindo da Rússia tornou-se mais relevante a partir de 2014, ano em que as forças russas invadiram a Crimeia, na Ucrânia, e Moscovo anexou este território.

O próprio embaixador dos Estados Unidos em Portugal apontou em julho de 2018 a relevância de Sines para se transformar Portugal na “Singapura da Europa Ocidental” ao ser a porta de entrada do gás natural norte-americano na Europa.

No entanto, este objetivo para estar longe de ser alcançado pois a Comissão Europeia deixou de considerar essencial um gasoduto entre França e Espanha que serviria para escoar o gás ibérico, incluindo o de Sines, para o resto da Europa, como avançou o Jornal de Negócios em janeiro.

Encerramento da central a carvão de Sines em 2023

A central de produção de eletricidade a partir de carvão da EDP tem data marcada para 2023, conforme já sinalizou o Governo. Na sua tomada de posse em outubro, o primeiro-ministro anunciou que as duas centrais a carvão do país vão encerrar até 2023.

A EDP já afastou um encerramento antes desta data, avisando que a central vai se manter aberta enquanto for rentável.

Além da central de Sines, Portugal conta com a central a carvão do Pego, detida pela Tejo Energia, uma  parceria formada pela Trustenergy com 56,25% – detida pelos franceses da Engie e pelos japoneses da Marubeni -, e pela italo-espanhola Endesa com 43,75%.

Outro impacto do fim da produção a carvão em Portugal é que o carvão produzido tanto na central de Sines como na do Pego é descarregado no porto de Sines. Para chegar à central do Pego, o carvão é transportado através de comboio.

O encerramento da central de Sines coloca também em risco os postos de trabalho de 400 trabalhadores.

Terminal de gás natural bateu recordes em 2019
O terminal de gás natural liquefeito (GNL) em Sines bateu dois recordes em 2019. Em primeiro, o terminal pertencente à Redes Energéticas Nacionais (REN) aumentou em 49% as operações de receção de navios, com 67 navios, 65 descargas e dois arrefecimentos.

Depois, o terminal obteve um novo máximo de GNL regaseificado para a Rede Nacional de Transporte de Gás Natural, com 61,63 gigawatts hora (Gwh), mais 48% face ao anterior máximo obtido em 2018. Em 2019, 90% do gás natural consumido em Portugal entrou no país através deste terminal para abastecer famílias e empresas.

Outro recorde obtido em 2019 foi o de número de cargas de cisternas, com 6.621 obtidas no ano passado, mais 9% face ao anterior máximo, registado em 2018. A maioria, quase três quartos, destinou-se a unidades autónomas de gás natural do continente, e o restante para a região autónoma da Madeira. Estas unidades autónomas destinam-se a abastecer residências ou empresas que não estejam ligadas à rede de gás natural.

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