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Hong Kong: Governo acolhe com satisfação mudanças pró-Pequim no sistema eleitoral

“Há lacunas nos sistemas eleitorais, há também falhas nos sistemas de Hong Kong”, disse Lam numa conferência de imprensa após regressar da reunião em Pequim. “Compreendo perfeitamente que este não é um assunto que possa ser inteiramente tratado pelo Governo”, acrescentou.
8 Março 2021, 08h46

A líder de Hong Kong disse hoje que o executivo “acolhe com satisfação” as mudanças no sistema eleitoral da cidade que vão aumentar substancialmente o controlo de Pequim no território e excluir os críticos do regime.

As autoridades chinesas afirmaram que o projeto de decisão da Assembleia Nacional Popular da China significa que a comissão pró-Pequim que elege o líder de Hong Kong escolheria também uma grande parte da legislatura para assegurar que a cidade seja dirigida por “patriotas”.

A comissão eleitoral também teria o direito de vetar candidatos ao Conselho Legislativo, eliminando qualquer pessoa suspeita de ser insuficientemente leal à China e ao Partido Comunista no poder.

Atualmente, metade da legislatura de Hong Kong é diretamente eleita pelos eleitores, embora a demissão em massa de legisladores da oposição para protestar contra a expulsão de quatro dos seus colegas por serem ‘patriotas’ signifique que o órgão é agora inteiramente controlado por elementos leais a Pequim.

“Há lacunas nos sistemas eleitorais, há também falhas nos sistemas de Hong Kong”, disse Lam numa conferência de imprensa após regressar da reunião em Pequim. “Compreendo perfeitamente que este não é um assunto que possa ser inteiramente tratado pelo Governo”, acrescentou.

“Estou contente por as autoridades centrais terem, mais uma vez, exercido os seus poderes constitucionais para ajudar a resolver este problema para Hong Kong”, disse.

Lam recusou-se a desenvolver os pontos de vista que tinha partilhado com as autoridades centrais relativamente às reformas eleitorais, e disse que muita da legislação em Hong Kong teria de ser alterada.

Os lugares na comissão eleitoral agora reservados aos conselheiros distritais diretamente eleitos serão também eliminados, cimentando ainda mais o controlo de Pequim sobre o órgão.

Lam disse também que não podia confirmar se as eleições legislativas – já adiadas por um ano em setembro, devido à pandemia de coronavírus – seriam novamente adiadas devido às reformas eleitorais.

A chefe do Governo de Hong Kong também disse que as autoridades do governo central estão “muito empenhadas em tentar avançar para o objetivo do sufrágio universal”, prometido a Hong Kong ao abrigo da Lei Básica, a miniconstituição da cidade que foi elaborada quando os britânicos entregaram Hong Kong à China em 1997.

O sufrágio universal daria aos eleitores de Hong Kong o direito de votar no líder da cidade, embora apenas os candidatos aprovados por Pequim fossem autorizados a concorrer.

Nos últimos meses, Hong Kong tem reprimido a dissidência, e a maioria das figuras da oposição da cidade, incluindo ativistas pró-democracia e antigos deputados – foram detidos, presos ou encontram-se no exílio.

Cerca de 100 pessoas, a maioria das quais são ativistas e apoiantes pró-democracia, têm sido acusadas ao abrigo da lei de segurança nacional, desde a sua implementação em junho. Pequim impôs a lei a Hong Kong, contornando o Conselho Legislativo, dizendo que era necessário restaurar a ordem após crescentes protestos antigovernamentais em 2019.

A legislação criminaliza a secessão, subversão e, conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos da cidade, prevendo penas de prisão perpétua.

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