O reconhecimento pela UNESCO do dia 5 de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa é um acontecimento que deve ser assumido de forma transversal por todos. Esta declaração constitui uma oportunidade única de elevar o patamar da influência da história, da cultura portuguesa e da língua pelo mundo inteiro.

Os mais de 260 milhões de pessoas que falam oficialmente português veem chegar à dimensão planetária a importância da língua como meio de unir povos e de juntar continentes, agora de forma oficial.

Este ato representa um momento de responsabilidade acrescida de todos os países que se envolveram neste desfio. A proposta ao ser subscrita junto da UNESCO por todos os membros da CPLP assumem uma vontade em aprofundar e desenvolver os laços que os unem em termos comunicacionais e históricos, sem que daí resulte qualquer visão passadista ou retrograda, de relação entre estados soberanos e livres. Tenhamos presente que falamos da língua e não de Portugal, pois que a língua ultrapassa em muito a dimensão de um país.

Com sensibilidades diferentes derivado de vivências diferentes, de país ou continente, com influências variadas que apenas contribuíram para o enriquecimento da língua no seu todo, todos estes países se podem orgulhar do seu contributo para este resultado.

Os escritores de todos os países que falam a língua portuguesa já representam por si um contributo extremamente determinante e têm a partir de agora uma alavanca suplementar para espalhar a sua criatividade e conhecimento. E este momento pode levar ao maior conhecimento dos escritos e a uma maior consagração internacional da sua tarefa de escrever e divulgar o sentimento que acompanha a língua.

Significa esta responsabilidade que finalmente todos deveriam envidar esforços reais e efetivos para a concretização do propósito do Acordo Ortográfico, seja o atual, seja um texto revisto, onde todos se revejam e se torne um instrumento de conexão entre os povos que geração após geração vejam a língua portuguesa consolidar-se de modo igual.

Nunca como agora a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa demonstrou fazer tanto sentido, como aliás lentamente, mas de modo firme e incisivo, tal tem sido reconhecido nos sucessivos pedidos de adesão como observadores de países que nada teriam a ver com a organização.

O papel da organização sai igualmente reforçado desta decisão e pode ser mais determinante no modo como o reconhecimento da língua passe a ser este elo da corrente cultural, entre países que já falam a língua, mas contando ainda com o reflexo e o peso desta em múltiplos outros espaços onde outras línguas são principais. Abre-se aqui um espaço de responsabilidade dupla para a CPLP, quer na confirmação internacional como organização, quer numa nova dimensão e desafio para consolidar o seu desempenho e reconhecimento perante a comunidade internacional.

Ao colocar a fasquia alta nesta matéria em que todos nos devemos rever, também o Governo assina uma carta compromissória com todos os que falam e escrevem esta língua. Não é apenas em termos de política externa, mas uma responsabilidade da cultura levar a língua à sua consolidação. No passado, demos um contributo ao mundo encontrando novos mundos. Agora assumimos novas responsabilidades proporcionando novas fórmulas de entendimento entre povos no uso da língua. Honremos os nossos antepassados e a nossa história.