António Horta-Osório garantiu o pagamento integral, pelo menos, de nove meses em que foi presidente do Credit Suisse o que soma 3,8 milhões de francos suíços (3,66 milhões de euros), incluindo um pagamento em dinheiro de 1,1 milhão de francos suíços relativo a uma componente do salário em ações, que estava acordado, avança o Financial Times. Não se trata no entanto de um bónus, porque não existem prémios de gestão para os presidentes não executivos.
Os 3,8 milhões de francos suíços representam três quartos do que, como Chairman do banco, teria direito anualmente e inclui 1,1 milhões de francos suíços pagos em dinheiro em vez de ações. Isto é, António Horta-Osório recebeu o proporcional ao que trabalhou e nem mais um tostão.
António Horta-Osório não está restringido por cláusulas de não concorrência e será livre para assumir outros cargos quando quiser, avança o FT.
Quando o banqueiro português assumiu a presidência do Credit Suisse em abril, o banco disse que receberia o mesmo, financeiramente, que o seu antecessor, Urs Rohner. Isto é, receberia 3 milhões de francos por ano em honorários do conselho e um adicional de 1,5 milhão de francos como presidente, que seria pago em ações da empresa ao longo de quatro anos.
Recorde-se que enquanto Chairman do Credit Suisse disse ao FT, numa entrevista em dezembro, que “a remuneração tem que estar alinhada com o setor e tem que estar alinhada com os interesses dos acionistas”.
O banqueiro português renunciou no domingo depois de perder o apoio dos seus colegas membros do conselho de administração do Credit Suisse após uma investigação interna sobre “violações das regras de quarentena da Covid”. A investigação do conselho de administração (através do departamento de compliance) foi concluída na semana passada, e confirmou as duas violações das regras de quarentena por Horta-Osório, incluindo uma viagem para assistir às finais de ténis de Wimbledon no verão passado e outra na Suíça em dezembro.
Em investigação interna pelo Credit Suisse, segundo o FT, estiveram também outros temas como o uso de jatos da empresa e o alegado pouco tempo que Horta-Osório permanecia em Zurique em comparação com o tempo que passava em Portugal e Londres.
No ano passado, Horta-Osório tinha prometido rever a política de remuneração do Credit Suisse para alinhá-la mais de perto com os interesses dos acionistas após uma sucessão de crises que enfureceram os investidores e que fizeram o preço das ações cair, diz o FT.
Essas e outras iniciativas criaram fricção dentro da administração executiva. Houve também a questão da nomeação de gestores da sua confiança para cargos executivos. Segundo o FT, Horta Osório era apelidado pelos seus críticos de “Torquemada” (que liderou a Inquisição espanhola), dada a sua exigência de que cada banqueiro fosse um gestor de risco e agir sempre com o objectivo de praticar uma cultura de responsabilidade pessoal e responsabilização.
António Horta-Osório não tomou ainda nenhuma decisão quanto ao futuro profissional, apurou o Jornal Económico. Sendo que o banqueiro é presidente do conselho de administração da farmacêutica portuguesa, Bial, desde Abril do ano passado. O ex-presidente do Lloyds Bank ocupa ainda o cargo de administrador na Fundação Champalimaud, com o pelouro financeiro.
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